Qual a avaliação desse primeiro semestre à frente do ministério? O que há de se destacar?

Tem sido muito gratificante trabalhar à frente dessa pasta, tendo em vista que o presidente Jair Bolsonaro tem um reconhecimento e um carinho especial, entendendo que o turismo pode ser um agente gerador de emprego e renda. Os avanços têm acontecido; por exemplo, no primeiro semestre, conseguimos a isenção de visto para quatro países: Estados Unidos, Japão, Canadá e Austrália. Os números já mostram que a decisão foi acertada, houve um aumento de mais de 200% na compra de passagens aéreas de turistas desses países para o Brasil. Avançamos com a abertura do capital estrangeiro para as companhias aéreas no Congresso. Isso é fundamental também, não podemos ter só duas ou três companhias operando no país. Queremos atrair mais sete ou oito companhias para aumentar a competitividade e reduzir, assim, o preço e aumentar as rotas. 

Algum programa novo para a área do turismo? Pensando na capacidade turística das praias, das cidades históricas etc.

Destaco o programa Investe Turismo, que é uma parceria do ministério com a Embratur e o Sebrae. Ele engloba um montante de R$ 500 milhões e visa estruturar as rotas e destinos brasileiros. Inicialmente, nessa primeira etapa, foram 30 rotas. Todos os Estados e o Distrito Federal foram contemplados. O objetivo é levar capacitação profissional aos trabalhadores do setor, fazer estudos de viabilidade de investimentos, identificar dentro de cada rota se ali cabe um resort, um hotel, um restaurante. Isso gera emprego, gera movimento na economia local. Tem sido um sucesso muito grande. 
 

O Brasil possui todo esse material natural e histórico para ser explorado no turismo. Por que, apesar disso, os números desse mercado nunca alavancaram como esperado?

Por vários motivos. Aqui havia um ambiente inóspito para negócios, não temos um bom ambiente para isso. O Turismo é investimento, tem que atrair resorts, parques temáticos, isso atrai o público estrangeiro também. As regulamentações, a burocracia, isso sempre foi um impedimento para o avanço do setor. Mas, com a gestão do ministro Paulo Guedes na economia, já temos trilhado o caminho de uma economia liberal, desregulamentando, facilitando os negócios, atraindo investimentos e também aumentando o investimento na promoção da imagem do Brasil lá fora. O México investe US$ 120 milhões por ano com propagandas assim. O Brasil, apenas de US$ 15 milhões a US$ 17 milhões por ano. Isso é fundamental. 

Focando mais Minas Gerais, qual o planejamento para o fomento do setor turístico no Estado?

Temos uma expectativa muito boa. O programa Investe Turismo também vai ser lançado em Minas, vai estruturar essas rotas nas cidades históricas, como Brumadinho, Mariana, Congonhas, Tiradentes, Diamantina, Ouro Preto, Sabará, todas essas cidades na rota do turismo em Minas. É um Estado com muita vocação turística, a nossa gastronomia é muito rica, os queijos artesanais e o turismo rural, o ecoturismo também têm um forte potencial. Minas certamente vai se destacar no cenário nacional. Tem ainda o trem turístico, que vai sair de Belo Horizonte, na praça da Estação, e ir até Brumadinho, desembarcando quase dentro do Inhotim. 

Como tem sido essa relação com o governo de Minas? A gestão de Romeu Zema tem auxiliado o setor?

Sem dúvidas. Zema é uma pessoa de bem, é um grande empresário à frente de um Estado falido. Ele herdou essa situação delicada. Mas ele tem sido muito ativo, vem muito a Brasília, trabalhamos em conjunto. Ele tem sido um parceiro, destaco também o Marcelo Matte à frente do turismo em Minas. Conversamos em alguns momentos também. Essa conectividade é muito importante. 

Quando Bolsonaro te convidou para a pasta, ele fez algum pedido especial para o setor do turismo?

Ele tem um carinho muito grande pela área ali de Angra dos Reis, Ilha Grande. É um local dos mais belos do mundo, uma riqueza natural quase incomparável. O presidente sempre fala dessa região com muito carinho. O ministério já está trabalhando com um projeto para que a gente consiga fazer em Angra dos Reis um complexo turístico, claro que respeitando sempre o meio ambiente. Outro pedido foi para que identificássemos dentro do ministério todas as instruções normativas ou portarias que causam burocracia. Até vamos fazer um evento nessa linha, chamado “O Grande Revogaço”, pensando nessa linha de uma economia liberal, na linha do Paulo Guedes, para melhorar o ambiente de negócios. 

Você tem citado bastante o ministro Paulo Guedes. Há um contato frequente com ele? Como é a relação e os pedidos de Guedes?

Tenho contato quase que semanal com ele. Nesse primeiro semestre, ele focou muito a nova Previdência, então não discutimos tanto a área do turismo, mas ele concorda que o setor é uma vertente importante no centro da economia do país e, talvez, a principal mola propulsora para a nossa economia. 

E como tem sido a relação do ministério com a bancada mineira no Congresso?

É ótima, a presidência da comissão de Turismo da Câmara ficou com o Newton Cardoso Jr. (MDB-MG), e o mesmo colegiado do Senado ficou, por coincidência, com outro mineiro, o senador Izalci Lucas (PSDB-DF), que é de Araújos. Estamos privilegiados no turismo. E há uma harmonia grande, tem sido algo muito positivo. 

E quanto à liberação dos jogos e dos cassinos no país? Há frentes no Congresso em torno disso? Como isso está no ministério?

É uma discussão inevitável, para o segundo semestre vai vir à tona. O Congresso tem parlamentares que abordam isso. Mas a minha posição pessoal, não a do ministério, é que possamos liberar cassinos integrados a resorts e só. Ou seja, não vai ter bingos nem casinhas com maquininhas eletrônicas, não pode o trabalhador sair do trabalho e ir a esses locais para perder todo seu dinheiro. Os resorts e os cassinos são diferentes, é um público que pode viajar, com condições financeiras, não vejo prejuízo para a sociedade. Pelo contrário, vai gerar emprego, renda e receita. Mas ainda não discutimos isso com o presidente.

Há uma investigação da Polícia Federal e do Ministério Público acerca de possíveis candidaturas-laranja do PSL no ano passado. Inclusive, houve uma operação da polícia junto a servidores do ministério. Como está essa situação? É uma briga interna no partido?

São denúncias que partiram de uma deputada do Vale do Aço quando ela se viu prejudicada na questão política. Eu virei ministro, e o suplente, Eneias Reis, assume uma cadeira na Câmara, sendo que ele também é da mesma região. Depois disso, ela começou a fazer denúncias infundadas. A polícia e o Ministério Público agora fazem o papel correto de ofício, de investigar. Mas a minha consciência está tranquila, nunca sentei com essas moças nem assessores para orientar situações dessa natureza. Estou muito tranquilo, continuo o trabalho no ministério com muito empenho. Não perdi o foco. 

Como fica a situação dessa deputada, que também é do PSL, sendo que você é o principal nome do partido em Minas?

Embora a deputada seja uma pessoa que coloca seus interesses pessoais e políticos acima de tudo, inclusive do Brasil, não vejo nenhuma ação interna de expulsá-la do partido. Está nas mãos do presidente nacional da legenda, mas hoje não vejo isso acontecendo.