Eleições

PT cogita candidatura de Fernando Pimentel à Prefeitura de Belo Horizonte

Em entrevista exclusiva a O TEMPO, a presidente nacional do partido, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), citou o ex-governador que, no entanto, diz rechaçar essa possibilidade

Por Sávio Gabriel
Publicado em 24 de agosto de 2019 | 15:22
 
 

O Partido dos Trabalhadores (PT) terá candidatura própria à Prefeitura de Belo Horizonte no próximo ano e não descarta a possibilidade de lançar o nome do ex-governador mineiro Fernando Pimentel à disputa pela capital mineira. Em entrevista exclusiva a O TEMPO, a deputada federal pelo Paraná e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, disse que Pimentel é um dos nomes do partido no Estado com potencial para concorrer ao cargo. E nem mesmo as denúncias envolvendo o nome do petista podem atrapalhar a possível indicação. “Temos que enfrentar isso. Não é recuando que vamos fazer enfrentamento na política”, afirmou a deputada, que saiu em defesa de Pimentel e afirmou que ele é vítima de “perseguição” por parte da Justiça.

“(Fernando Pimentel) pode ser um nome (para a disputa), por que não? É uma liderança nossa, governou o Estado, tem experiência”, disse Gleisi, ao ser questionada pela reportagem, destacando que a legenda ainda não teve conversas com o ex-governador e que os debates serão iniciados após a eleição da presidência nacional da sigla, marcada para setembro.

Apesar da lembrança de Gleisi Hoffmann, o ex-governador descarta essa possibilidade. Leia mais aqui.

Na disputa pela reeleição ao cargo de governador, em 2018, Fernando Pimentel ficou em terceiro lugar na capital mineira. Ele obteve 16,13% dos votos válidos, ficando atrás do senador Antonio Anastasia (PSDB), que conseguiu 31,64%, e do governador Romeu Zema (Novo), que angariou 43,57% dos votos válidos em Belo Horizonte.

Outros nomes também foram citados pela deputada como possíveis candidatos à PBH. “Temos vários. Isso é a riqueza do PT, a quantidade e a qualidade das lideranças que temos. Temos nomes como Patrus Ananias (deputado federal), como o Reginaldo Lopes (deputado federal), como o André Quintão (deputado estadual), como a Bia (Beatriz Cerqueira, deputada estadual), o Rogério Correia (deputado federal)”, declarou.

Informação foi dada pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann

Investigado por diversas instituições do Judiciário, Fernando Pimentel é réu em duas ações que tramitam no Tribunal Regional Eleitoral de Minas (TRE-MG): uma sobre a acusação de falsidade ideológica e outra sobre tráfico de influência e lavagem de dinheiro. No início do mês, ele foi alvo de uma operação da Polícia Federal que investiga se o petista cometeu falsidade ideológica eleitoral na disputa pelo governo de Minas, em 2014 e se praticou o crime de caixa 2 naquele ano. O ex-governador é investigado ainda na operação Acrônimo.

“Infelizmente o Pimentel está como muitas outras lideranças nossas, sendo vítima de uma perseguição implacável da operação Lava-Jato”, disse Gleisi Hoffmann, citando notícia da semana passada que aponta a operação lava-jato teria ignorado repasse do atual ministro da Economia, Paulo Guedes, a uma empresa de fachada. “Essas ações sistemáticas contra Pimentel, essa semana contra Graça Foster (ex-presidente da Petrobras, contra Guido Mantega (ex-ministro da Fazenda)”, disse, referindo-se à 64ª fase da lava-jato, deflagrada na sexta-feira.

Questionada sobre uma possível prisão do ex-governador de Minas, Gleisi Hoffmann disse não acreditar na possibilidade. "Não acredito que isso aconteça. Seria uma exacerbação desse processo que temos. Já temos a prisão de Lula, que já é ilegal e ilegítima. Qual o motivo e a lógica de fazer essa prisão? Política?", questionou.

No Brasil, a prioridade do PT será lançar nomes próprios às disputas pelas prefeituras, numa forma de fortalecer as chapas proporcionais. Mas a possibilidade de alianças não está descartada. “As alianças dependem de cada Estado e município, das condições que nós temos”, disse Gleisi.

Parcelamento de salários e calote no 13º

A presidente do PT também falou sobre a situação dos servidores públicos de Minas, que desde 2016, na gestão de Fernando Pimentel, estão recebendo salários parcelados e que não tiveram o 13º salário do ano passado quitado pelo ex-governador. “Claro que é uma situação triste. Ninguém gosta de fazer isso, e tenho certeza que o Pimentel não fez por gosto, mas por necessidade”, declarou.

Gleisi Hoffmann citou a crise econômica que afeta o Brasil e disse que Minas não foi o único Estado a parcelar os vencimentos e a não quitar o 13º. “A gente sente muito por isso e sei que ele saiu muito sentido do governo por essa situação. Ele tentou fazer o que pode dentro das condições que tinha”, disse, afirmando que o governo do ex-presidente Michel Temer (MDB) “não estendeu a mão a Minas”. “Ele (Pimentel) fez a solicitação (de verbas), já era o governo Temer. Fez o pedido, (o governo) não estendeu. Em outros momentos o governo federal, com Lula e Dilma, sempre estendeu a mão aos Estados e a Minas”.

 

Recondução à presidência

Gleisi Hoffmann esteve em Belo Horizonte onde lançou nacionalmente sua candidatura à reeleição como presidente do PT. O nome da deputada é apoiado pelo ex-presidente Lula, que nesta semana teria orientado o partido pela recondução dela ao cargo. Internamente, no entanto, o nome da petista não tem um consenso das diferentes correntes da legenda, que veem sua indicação como uma imposição de Lula.

“O PT é um partido diferenciado, porque não temos nenhuma imposição e nenhuma determinação de qualquer membro que seja, muito menos do presidente Lula”, disse Gleisi sobre o assunto. De acordo com ela, Lula tem uma “liderança e uma respeitabilidade imensa”, e que ele tem o direito de apoiar candidaturas, a exemplo de qualquer filiado. “E eu tive a honra, prestígio, de ter o apoio dele”.

Nesta semana, a corrente majoritária do PT, Construindo um Novo Brasil (CNB), definiu que Gleisi seria a candidata pelo grupo. “É uma corrente interna do partido. Isso não quer dizer que não terão outros candidatos à presidência. Aliás, é da nossa tradição ter candidaturas diversificadas e disputas internas. Sempre o PT, historicamente, foi construído assim. Então, não há problema nenhum”, disse a deputada.