Política em Análise

A luta pelo voto bolsonarista

Candidatos buscam vinculação com o eleitorado do presidente para diminuir vantagem de Kalil em Belo Horizonte

Por Ricardo Corrêa
Publicado em 15 de outubro de 2020 | 10:54
 
 

Com a grande vantagem demonstrada pelo prefeito Alexandre Kalil nas pesquisas, em sua busca pela reeleição, candidatos da centro-direita à direita em Belo Horizonte tentam ampliar  vinculação com o eleitor bolsonarista para tentar ao menos diminuir essa vantagem. É nessa faixa que o prefeito registra seu pior resultado segundo o DataTempo, embora os números mostrem que nesse grupo do eleitorado a rejeição do prefeito não passe de 25%.

É claro que, entre todos os candidatos, o mais vinculado ao presidente Jair Bolsonaro é o deputado estadual Bruno Engler (PRTB). Ele sempre foi próximo da família e pode até ter a presença dos filhos do presidente em algum ato de campanha. Mas a ausência física de Bolsonaro na campanha e o fato de o candidato não ter direito a horário eleitoral na TV dificultam essa vinculação junto a parte do eleitorado da capital.

Aproveitando-se disso, outros candidatos tentam tirar uma casquinha dessa parcela do eleitorado. É o caso, por exemplo, de Lafayette Andrada (Republicanos), que tem se apresentado como “o candidato da família”. Ele usa uma estética parecida com a de Bolsonaro e já mostrou inclusive foto abraçado com o presidente.

João Vítor Xavier (Cidadania), que está ao centro do espectro político, também fez acenos ao bolsonarismo. Na semana passada, por exemplo, disse que há doutrinação da esquerda nas escolas. Esse é um tema caro para o eleitorado do presidente. A declaração não foi tão bem recebida dentro de seu partido, mas ajudou, sem qualquer dúvida, a aproximar João Vítor desse público mais à direita.

Há ainda outros candidatos que, não por vinculação direta ao presidente, mas por conta de seus posicionamentos, tentam também beber nessa fonte. De um lado está, por exemplo, Wendel Mesquita (Solidaridade), que tem como principal foco o eleitorado evangélico, onde Bolsonaro é mais abrangente. De outro, está Rodrigo Paiva (Novo), que embora represente a direita mais liberal, espera contar com o eleitorado de Romeu Zema, que se confundiu com o do presidente nas últimas eleições.

É bom lembrar, porém, que o poder da vinculação ao bolsonarismo é limitado. Ajuda em um primeiro momento, claro, mas pode atrapalhar mais à frente. A pesquisa DataTempo divulgada semana passada mostra que a avaliação positiva de Bolsonaro é de 38% em Belo Horizonte e a negativa alcança 41%. Ou seja: Bolsonaro ajuda alguém a crescer, mas não a vencer.