O brasileiro Michel Nisenbaum, de 59 anos, provavelmente foi sequestrado pelo Hamas durante a ofensiva de 7 de outubro em Israel. A informação consta no depoimento de familiares dele às autoridades israelenses, que comunicaram o desaparecimento ao governo brasileiro apenas no último domingo (22).

Sabe-se que Nisenbaum tem dupla cidadania. Nascido em Niterói (RJ), mora em Israel há 35 anos. Tem duas filhas e cinco netos no país. Sua casa fica em Sderot, perto da Faixa de Gaza, território palestino controlado pelo Hamas, grupo adversário da Autoridade Palestina, que governa a Cisjordânia. 

O embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, esteve na redação de O TEMPO em Brasília na segunda e confirmou o desaparecimento do brasileiro, mas não quis dar detalhes. Nesta terça (24), a GloboNews divulgou o conteúdo de um relatório israelense sobre o caso de Michel Nisenbaum.

Segundo depoimento de parentes do brasileiro, ele estava falando com um familiar no telefone na manhã de 7 de outubro, quando a ligação foi interrompida às 6h57. A filha dele tentou restabelecer o contato e, às 7h24, a chamada foi atendida por uma voz masculina, que segundo o depoimento, falou “Hamas” em árabe.

Os familiares acreditam que Michel foi sequestrado e citam como uma evidência um vídeo circulando pelo Hamas exibindo pertences de israelenses sequestrados. Nessas imagens, seria possível identificar a carteira de Michel. 

Itamaraty soube do desaparecimento apenas no último domingo

O Ministério das Relações Exteriores (MRE) informou, na última segunda-feira (23), ter sido comunicado que há um brasileiro desaparecido em Israel desde o ataque do grupo extremista Hamas, em 7 de outubro. Foram parentes dele quem alertaram as autoridades israelenses sobre o sumiço.

O MRE disse que a Embaixada do Brasil em Israel foi comunicada sobre o desaparecimento pela Interpol no domingo. Mas, até a manhã desta terça, não havia detalhes sobre a data do último contato, nem onde e em quais circunstância Nisenbaum estava em Israel quando o Hamas iniciou a invasão.

O Itamaraty apenas confirmou à equipe de O TEMPO em Brasília o desaparecimento e informou que Nisenbaum tem dupla cidadania. Ele é o único brasileiro que o governo trata como desaparecido no momento.

Até agora, três brasileiros morreram na guerra deflagrada pelo Hamas. Todos tinham cidadania israelense e estavam em uma festa rave, perto da fronteira com a Faixa de Gaza, que foi invadida por terroristas. As vítimas são: Karla Stelzer, 42; Bruna Valeanu, 24; e Ranani Glazer, também 24.

Três israelenses com ascendência brasileira também foram mortos: Gabriel Yishay Barel, Celeste Fishbein e um terceiro sem identificação.

Hamas mantém 17 reféns; duas idosas foram libertadas

Na segunda-feira, depois de 17 dias de conflito, o Hamas decidiu libertar duas mulheres israelenses. Duas cidadãs norte-americanas tinham sido liberadas na semana passada. Segundo o Exército de Israel, 220 pessoas ainda são reféns dos terroristas.

Os governos do Catar e do Egito participaram da negociação para libertar as israelenses Yocheved Lifshitz, de 85 anos, e Nurit Cooper, 79. O grupo extremista divulgou imagens do momento em que terroristas armados entregavam as israelenses a funcionários da Cruz Vermelha. Em Rafah, na fronteira de Gaza com o Egito, elas foram recebidas por paramédicos que avaliaram o estado geral delas.

FAB já repatriou 1.410 brasileiros de Israel

O oitavo voo de repatriação de brasileiros vindo de Israel chegou ao Brasil na madrugada de segunda. A aeronave KC-30 (Airbus A330 200), da Força Aérea Brasileira (FAB), pousou às 4h no Rio de Janeiro. Ao todo, 209 brasileiros que estavam em áreas de conflito, além de nove animais de estimação, deixaram Tel Aviv, capital de Israel.

De acordo com o mais recente balanço do governo federal, desde 10 de outubro, 1.410 brasileiros, três bolivianas e mais de 50 animais domésticos foram transportados do território israelense para o Brasil. Outra aeronave, um VC-2 (Embraer 190) da Presidência da República, está no Cairo, capital do Egito, e aguarda autorização para resgatar brasileiros que estão na Faixa de Gaza.