Confusão no Congresso

Tumulto faz Calheiros suspender sessão para votar meta fiscal

Deputados, seguranças do Congresso e manifestantes envolvem-se em um tumulto nas galerias do Plenário; policiais legislativos foram chamados e votação foi adiada para quarta-feira

Ter, 02/12/14 - 19h30

Foi adiada a sessão do Congresso Nacional para votar na noite desta terça-feira (2) a manobra fiscal a que o governo recorreu para tentar fechar as contas deste ano, depois que a votação virou um ringue, com troca de socos, empurra-empurra e muita gritaria. O presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), decidiu retomá-la só na manhã desta quarta-feira (3), às 10h.

A sessão já começou tumultuada, em meio a xingamentos de manifestantes e gritos de "PT roubou" e "vá para Cuba". Com esse cenário, Calheiros mandou esvaziar as galerias do plenário, mas congressistas da oposição fizeram um cordão de isolamento para tentar impedir a retirada dos manifestantes pela Polícia Legislativa.

A confusão começou logo após discurso da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM). Ela disse ter sido xingada de "vagabunda" pelos manifestantes. Segundo o líder do PSDB na Câmara, deputado Antonio Imbassahy (BA), o coro que os manifestantes entoavam contra a senadora era "Vai pra Cuba".

Os ânimos se exaltaram, e deputados e senadores trocaram insultos e agressões. O deputado Amauri Teixeira (PT - BA) chegou a chamar seu colega Domingos Sávio (PSDB - MG) de "seu merda".

Com a aproximação dos seguranças, manifestantes partiram para cima, e houve grande embate. Entre os manifestantes, estava uma senhora de 79 anos, que levou uma gravata de um segurança.

O Departamento de Polícia Legislativa (Depol) solicitou o apoio do Departamento Médico da Câmara para atender um manifestante que teria desmaiado após a abordagem de um policial legislativo.

A proposta, que autoriza o governo a abandonar a meta de poupança para pagamento dos juros da dívida, o chamado superavit primário, nem chegou a ser analisada em Plenário. Os congressistas estavam discutindo dois vetos presidenciais que estavam na pauta.

O projeto espera para ser votado no plenário do Congresso há três semanas. Já foi aprovado pela Comissão Mista de Orçamento.

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Disputa

A oposição questionou a sessão realizada na semana passada, cobrou discussão individual dos itens e pediu a abertura das galerias para populares contrários à mudança no superavit. O deputado Felipe Maia (DEM-RN) pressionou pela abertura das galerias para cerca de 40 manifestantes barrados.

Já o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros, rejeitou as críticas e disse que o acesso ao Plenário foi liberado por senhas de acordo com o tamanho de cada partido. "O que pedem é a partidarização das galerias, não é a democratização das galerias", afirmou.

Expulsão

A interferência das galerias – com gritos, palmas e cantos – durante o andamento da sessão levou o presidente Renan a exigir a expulsão dos populares do Plenário, motivado pela líder do PCdoB, deputada Jandira Feghali (RJ). Ela pediu a saída dos populares depois que eles chamaram a senadora Vanessa Graziottin (PCdoB-AM) de "vagabunda" enquanto ela falava. "Numa sessão em que se debate política, não se admite que uma parlamentar seja chamada de vagabunda", disse.

A meta de superavit esteve no centro da disputa. O deputado Pauderney Avelino (DEM-AM) criticou o decreto do governo que condiciona a liberação de recursos orçamentários à mudança na meta de economia do governo. O líder da Minoria, deputado Domingos Sávio (PSDB-MG), também criticou a alteração. "A oposição se preocupa com superavit e com gastos abusivos que saem pelo ralo da corrupção", disse.

Já o líder do governo, deputado Henrique Fontana (PT-RS), defendeu a política governista. Ele disse que os gastos foram necessários para aquecer a economia em um momento de crise. "Estamos no maior momento de geração de empregos, o menor nível de desemprego", disse.

Atualizada às 21h17

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Com informações da Agência Câmara e Folhapress