O predestinado

Cuca: o treinador das conquistas históricas do Galo

Responsável por conduzir o Atlético ao bicampeonato, o técnico também comandou o alvinegro no épico título da Copa Libertadores em 2013

Depois de faturar a Libertadores, Cuca alcançou o bi brasileiro | Foto: Fred Magno
Rodrigo Rodrigues| @rodrodgs
03/12/21 - 08h15

Há nove meses, quando Cuca topou retornar à Cidade do Galo, talvez ele não tivesse a real noção do ambiente. Afinal, deixou a capital mineira, em 2013, como o responsável por conduzir o Atlético à épica e inédita conquista da Libertadores.

Mas, logo após a direção alvinegra sacramentar a contratação, em substituição a Sampaoli, parte dos torcedores inundou as redes sociais com o slogan “Cuca, não”. Entre os motivos, o fato de a torcida não ter digerido o anúncio de que deixaria o time em 2013, durante o Mundial de Clubes.

Além disso, Cuca vivia um drama familiar. Em um hospital de Curitiba, dona Nilde Stival lutava pela vida. Aos 80 anos, a mãe do técnico tentava se curar da Covid-19. Foram 75 dias de tormento até ela receber alta.

“Pouco antes de eu ficar ruim, ele estava comigo. Eu apoiei tudo, disse que seria muito bom (ir para o Atlético). Falei que era um clube com uma diretoria ótima, uma torcida maravilhosa, e ele tinha tudo para tocar isso para frente”, disse a mãe de Cuca, que encarou o desafio, com as bênçãos de dona Nilde.

Em várias situações, optou por evitar o confronto. Contemporizou, pediu paciência. “Podem me cobrar daqui a dez dias, que é o tempo da chegada da Libertadores”.

Cuca trabalhou em silêncio e fez do Galo o melhor time entre os 32 da fase de grupos. Nos mata-matas, eliminou Boca e River. Na Série A, encantou o Brasil e muito mais acertou do que falhou nessa jornada. Em 63 jogos, venceu 43, empatou 13 e perdeu sete. Assumiu a dianteira da tabela e não deu brecha para mais ninguém.

Depois de 50 anos, o treinador comandou a nau alvinegra rumo ao tão sonhado segundo título do Campeonato Brasileiro. De renegado a adorado, equilibrou-se sobre a linha tênue que separa o amor do ódio. Gostem dele ou não, Cuca proporcionou ao time de Lourdes o que dezenas de outros comandantes tentaram, contudo sem êxito, desde Telê Santana, em 1971.

A torcida do Galo pode, enfim, soltar o grito contido na garganta há cinco décadas. E apaixonados e apaixonadas pelo Atlético sempre se lembrarão de Cuca, o técnico do bicampeonato.

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