Os dias que antecedem o clássico entre Atlético e Cruzeiro movimentam não só os clubes e imprensa, como os próprios torcedores. O frio na barriga e a sensação de que as horas demoram para passar parecem ser ainda maiores para os representantes mais fervorosos, que existem dos dois lados. Pelo Atlético, a publicitária Lorena Amaro, de 31 anos, é uma das torcedoras mais fiéis que um clube pode ter.
Depois de superar a pressão do pai para ser cruzeirense, ela criou uma relação com o Galo que vai ser levada até o último dia da sua vida. Lorena foi escolhida pela Red Bull TV para ser uma das personagens do projeto 'Fanáticos Pro', que conta a história de torcedores apaixonados do Brasil, Argentina, Chile e México. Por razões que mostram-se justas, Lorena entrou na lista de selecionados.
"Quando eu tinha 12 anos, quase todos os dias eu sentava na porta da minha casa e ficava escutando o programa de esportes em uma rádio. Um dos repórteres começou a fazer críticas ao Valdir Bigode, que era meu ídolo. Fiquei revoltada com a 'corneta'. Desliguei o rádio, fui até o orelhão e liguei para a rádio. Me colocaram pra falar no programa: 'Meu nome é Lorena, filha da Wanda, sobrinha do Taiado. Queria falar pro moço que está falando mal do Valdir Bigode que, se ele continuar, vou aí na rádio com a minha garrucha! O pessoal da rádio caiu na gargalhada, falando 'só podia ser sobrinha do Taiado, maior atleticano da cidade'. O detalhe é que minha mãe estava em casa ouvindo a rádio, Quando voltei, ela estava chorando de rir porque tinha certeza de que eu nem sabia o que era garrucha. Até hoje ela adora contar essa história para as pessoas", diverte-se a torcedora.
Uma das suas frustrações é não poder acompanhar o time de perto. Há cinco anos, ela mudou-se para Vitória (ES), sendo obrigada a ver todos os jogos pela TV. "Foi difícil demais me mudar, eu era muito presente nos jogos. Morei algum tempo no Horto e foi justamente na fase em que o Galo mandava todos os seus jogos lá. Aquela famosa frase do torcedor de 'hoje não posso, tem jogo do Galo!' era exatamente o que eu vivia em BH", lembra.
Nas viagens que faz, ela sempre faz questão de levar a bandeira do clube. A companheira, em uma delas, serviu para se proteger da baixa temperatura. "Fiz o caminho de Santiago com a bandeira do Galo, foram quase 150km com caminhada. Estendi ela na praça de Santiago na chegada. No primeiro dia, dormi coberta pela bandeira porque não contava com a falta de roupa de cama no albergue e estava muito frio", diz.
Confira vídeo com a presença de Lorena Amaro
Por mais que novas emoções sejam certeiras, Lorena sabe que a maior delas já aconteceu e jamais será esquecida. O título da Libertadores está no seu coração, na sua alma e memória por muitos anos. "Foi o momento mais especial da minha vida estar ali com a minha mãe (que me fez ser atleticana), poder abraça-la em cada gol, ajoelhar ao lado dela, acreditar e soltar o grito que estava entalado. Aquilo não teve preço. Eu posso viver vários títulos pelo Galo, mas nenhum será tão emocionalmente importante e especial como este", conta.
Em cima do laço. Ela, por muito pouco, não deixou de ver o jogo dentro do Mineirão. "Os ingressos estavam com o sobrinho de um amigo. Liguei pra ele várias vezes, ele não atendia. Eu já estava em desespero, sem saber o que fazer, pensando que ficaria para fora do jogo. De repente, nós encontramos o rapaz no meio da multidão. Qual a chance de isso acontecer na loucura de uma final de Libertadores? Isso porque estávamos exatamente na rua de fogo", relembra.
Sobre o jogo do próximo domingo, às 19h, no Independência, ela estará longe, mas presente, em um dos jogos mais especiais para um torcedor. "O clássico é sempre um momento que dá frio na barriga, dor no estômago, insônia, perda do apetite e outras coisinhas mais. Afinal de contas, é sempre imprevisível, não importa em que fase os times se encontram, não existe vantagem no clássico. Crise? Desfalque? Má posição na tabela? Tudo isso vira mero detalhe!", relata, fazendo questão de sempre acreditar que o resultado positivo virá no final.