O Mineirão, que completou 53 anos na última quarta-feira, pode ficar sem receber um jogo do Atlético como mandante em 2018. Inaugurado em 1965 e reformado para estar na Copa do Mundo de 2014, o estádio só não viu jogos do Galo em 2011 e 2012, quando a arena estava em obras.

Estamos no mês de setembro e a única partida que o alvinegro fez no Mineirão neste ano foi na condição de visitante na final do Campeonato Mineiro, contra o Cruzeiro. O Atlético perdeu o jogo de 2 a 0 e o título para o rival. Esse jogo, aliás, é o divisor de águas na relação com o Gigante, apontado como principal entrave para a não utilização do Gigante neste ano.

A diretoria atleticana ficou irritada com o tratamento que o clube recebeu no estádio na partida contra o Cruzeiro. O clube alegou problemas relacionados à credenciais para seguranças e staff, além de relatar a confusão entre torcedores e jogadores do Galo no túnel de acesso ao gramado, no fim da partida.

O Atlético, de certa forma, vinha aumentando ano a ano a quantidade de jogos no Mineirão, com exceção de 2017. A opção pelo estádio da Pampulha em detrimento ao Independência é para partidas em que o clube considera ter grande expectativa de público.
Em 2013, foram dois jogos como mandante no Mineirão, incluindo a final da Libertadores, contra o Olimpia-PAR. Em 2014, foram três jogos, em 2015, seis, em 2016, dez, e, em 2017, apenas três. Em 2018, o Galo não mandou nenhum jogo lá e dificilmente mandará, ainda mais estando fora das decisões de competições mata-matas e por não estar, neste momento, brigando pelas cabeças do Brasileirão.

Há uma chance do Atlético decidir mandar o clássico do segundo turno contra o América no Mineirão, dia 14 de outubro, tirando o Coelho do conforto de sua casa e de preferências que tem no Horto, mesmo na condição de visitante, como utilizar o vestiário do lado direito. O Atlético fez isso na final do Mineiro de 2016, no Brasileirão de 2016 e na primeira fase do Mineiro de 2017.

Na condição de visitante, ou seja, com apenas 10% dos ingressos, o Atlético volta a jogar no Mineirão no próximo dia 16, no clássico contra o Cruzeiro. O alvinegro tem mais sete partidas a fazer em casa na temporada, a contar do jogo contra o Atlético-PR, na próxima segunda-feira, já marcado para o Independência.

TENTATIVA DE CONVENCIMENTO

Entra ano, sai ano, a mesma pergunta paira sobre o Atlético: "Independência ou Mineirão? Onde jogar?". A opção pelo Horto é clara, vide a quantidade de jogos que o alvinegro faz por lá desde a inauguração, em 2012 - 201 partidas, contra 24 no novo Gigante da Pampulha. A justificativa atleticana inclui argumentos de natureza técnica (o efeito caldeirão, que intimida o adversário) e comercial (o custo operacional do Independência é menor).

Mas, na tentativa de trazer o Galo de volta ao Mineirão, a Minas Arena, concessionária que administra o estádio, montou uma planilha com dados de jogos do próprio clube e a apresentou para a diretoria em março deste ano para convencê-los do quão lucrativo pode ser uma partida na arena, que é duas vezes e meio maior que o estádio do Horto em termos de capacidade de público.

Considerando os 13 jogos como mandante em 2016 e 2017, o Atlético conseguiu, em média, R$ 605 mil de um renda líquida. A renda líquida é aquela que o clube leva, de fato, da arrecadação, dinheiro que já deduz as receitas da concessionária, da federação, os impostos e os custos de operação. 

Para chegar a esses valor, o ticket médio foi de exatos R$ 28,30 para um público médio de 37 mil torcedores presentes, segundo a Minas Arena. Na prática, a renda líquida obtida pelo Atlético representa exatamente a metade da renda bruta. Uma despesa que diminuiu o lucro do Atlético na Pampulha é o serviço de bilhetagem, realizado pela Ingresso Rápido, que abocanha 28% da renda alvinegra.

Em 2016, nove dos dez maiores públicos do Galo na temporada foram no Mineirão. A exceção foi o jogo contra a Ponte Preta. O público de 15.493 foi o menor do Galo até aqui no novo estádio.