Selvageria

Barbárie no Couto Pereira completa 10 anos e acende alerta no Mineirão

Órgãos de segurança de MG traçam estratégias para que batalha campal de 2009 não seja repetida no duelo entre Cruzeiro e Palmeiras, caso a Raposa seja rebaixada

Barbárie no Couto Pereira deixou 18 feridos | Foto: Valterci Santos / Agência Estado
Wallace Graciano
06/12/19 - 13h02

Há exatos dez anos, o estádio Couto Pereira era palco de uma das maiores barbáries de que o futebol brasileiro já teve notícia. Revoltados com o empate por 1 a 1 entre Coritiba e Fluminense, resultado que rebaixou o alviverde para a Série B do Campeonato Brasileiro, torcedores coxa-brancas invadiram o gramado e transformaram a arena em um palco de guerra, entrando em conflito com a Polícia Militar, jogadores e trio de arbitragem.

A selvageria deixou 18 feridos e um prejuízo de cerca de R$ 500 mil (valores da época) para a recuperação do estádio. Além disso, o Coritiba foi punido com a perda de 30 mandos de campo no ano de 2010, que foram reduzidos para dez, posteriormente.

Uma década depois, ninguém está preso. Dois torcedores pegaram penas em regime semiaberto por lesão corporal qualificada — Renato Marcos Moreira (2 anos e 11 meses) e Alan Garcia Barbosa (2 anos e 1 mês).

Outros quatro foram condenados, em regime fechado, por tentativa de homicídio contra policial militar, por motivo fútil: Adriano Sutil Oliveira, Gilson da Silva e Sidnei Cesar de Lima (7 anos e 6 meses cada). Reimakler Alan Graboski, por sua vez, pegou 8 anos e 4 meses de reclusão. Porém, todos passaram para o regime semiaberto, posteriormente.

Exemplo para Minas Gerais

A selvageria ocorrida há dez anos acendeu a chama de tensão nas entidades mineiras. Não à toa, Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Polícia Militar, Polícia Civil e Corpo de Bombeiros montaram um forte esquema de segurança e enviaram um pedido para que apenas a torcida do Cruzeiro esteja presente no Mineirão, no próximo domingo (8), quando a Raposa enfrentará o Palmeiras com obrigação da vitória para manter-se na Série A. A decisão agora é da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

A decisão é reforçada pelo pedido do Cruzeiro feito anteriormente à CBF, uma vez que a principal torcida palmeirense é rival da torcida da Raposa e aliada de uma organizada do Atlético. O clube estrelado teme uma batalha campal ainda mais inflamada em virtude dos ânimos acirrados que ronda o duelo decisivo.

Em entrevista, o promotor de Justiça de Defesa do Consumidor de Belo Horizonte, Paulo de Tarso Morais Filho, confirmou que essa aliança foi um dos motivos que reforçou o pedido de torcida única.

"Esse (aliança entre as torcidas de Palmeiras e Atlético) é um dos motivos que reforçou o pedidos. Estamos vivenciando um histórico de conflitos, todos eles de forma preventiva combatidos por nossa inteligência, e não seria agora que iríamos sentar tranquilos e achar que nada iria acontecer. Esperamos que todo o torcedor que for ao estádio, vá para torcer, não para uma guerra. Mas vamos tomar todas as medidas”, apontou.

Em nota, a Minas Arena, concessionária que administra o Mineirão, afirmou que irá atuar de forma conjunta com as forças de segurança para evitar que episódios como o do Couto Pereira sejam repetidos.

“A concessionária que administra o Mineirão atua de forma conjunta com as forças de segurança do Estado em todas as partidas realizadas no estádio. O setor de segurança está atento às movimentações, em constante contato com a Polícia Militar. Além disso, há também o monitoramento constante pelas mais de 360 câmeras do sistema de segurança do estádio. No Gigante da Pampulha funciona também o Complexo de Defesa Social e Justiça Criminal, instalado para auxiliar o Poder Judiciário e tem competência para julgar as causas de menor potencial ofensivo. Neste Complexo trabalham, de forma conjunta, em toda partida realizada no Mineirão, autoridades da Polícia Civil, Defensoria Pública, Ministério Público e do Poder Judiciário”, apontou a concessionária em nota.

Com 36 pontos na tabela, ocupando a 17ª posição, o Cruzeiro precisará vencer o Palmeiras, no Mineirão, e torcer para que o Ceará, 16º colocado, com 38 pontos, seja derrotado pelo Botafogo, no Nilton Santos. 

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