'Rombo'

Cruzeiro supera o Botafogo e passa a ter a maior dívida do futebol: R$ 1 bilhão

Dados da Pluri, com base em balanço do clube, apontam tamanho das dívidas e estrago que última gestão deixou no clube

Por Daniel Ottoni e Josias Pereira
Publicado em 11 de setembro de 2020 | 09:07
 
 
Wagner Pires de Sá é um dos alvos de investigação do Ministério Público de Minas Gerais Vinnícius Silva/Cruzeiro

A cada balanço financeiro e números sobre as contas do Cruzeiro, percebe-se o tamanho do 'rombo' deixado pela última gestão, assim como a missão do atual presidente Sérgio Santos Rodrigues. Nesta quinta-feira, o economista Fernando Ferreira, que faz parte do Grupo Pluri, divulgou em seu Twitter dados, até maio de 2020, baseados no balanço do clube celeste. 

Fernando afirma que 'arrasaram' com o clube e mostra que a diretoria atual tenta resolver os atuais problemas. Com os números, o Cruzeiro passa a ter o maior passivo descoberto do futebol Brasileiro, com valor negativo de R$ 746 milhões, superando o Botafogo.

Fernando indicou, ainda, metas da última gestão, como atingir receita de R$ 500 milhões anuais, meta que não só deixou de ser atingida como provocou a maior crise financeira e administrativa da história do clube.

Confira alguns números apontados pelo especialista em gestão e marketing do esporte e pesquisa de mercado:

 - Endividamento liquido de R$ 1 bilhão

- Receita: R$ 54 milhões (queda de 60% em comparação com 2019)

- Deficit: R$ 259 milhões (R$ 103 milhões referentes à provisões, R$ 76 milhões referentes à indenizações atletas)

 - Despesa financeira de R$ 37 milhões por dívidas com clubes estrangeiros, sofrendo impacto da desvalorização do real frente a dólar e euro

- Dívida de R$ 225 milhões a clubes do Brasil e exterior, além de agentes, intermediários e investidores

- Balanço do clube traz provisões para perdas no valor de R$ 197 milhões contra R$ 45 milhões em 2019. Desse total, as dívidas trabalhistas são de R$ 90 milhões e as tributárias de R$ 60 milhões

- Receita do clube, nos primeiros cinco meses de 2020, foi de R$ 58 milhões (60% de queda)

- Projeção de R$ 118 milhões para todo o ano de 2020.

- Receitas com direitos de transmissões caíram 50% (de R$ 32 milhões para R$ 16 milhões até maio/20)

- Balanço até maio/20 mostra R$ 290 milhões em dívidas fiscais e tributárias. Desse total, R$ 140 Milhões é PROFUT

- Dívida de R$ 130 milhões para instituições financeiras. BMG é o maior credor: R$ 72 milhões (55% do total). Supermercados BH têm R$ 7,2 Milhões a receber.

Correndo contra o prejuízo

Fernando elogiou o trabalho da atual diretoria, que fez o que deveria, ao publicar esse balanço até maio de 2020, 'tirando os esqueletos do armário', como ele mesmo pontuou. Somente de gasto com pessoal, o clube economizou 50% nos cinco primeiros meses de 2020, passando de R$ 93 milhões para R$ 46 milhões.

A receita total caiu 60%. As despesas mensais com pessoal (futebol, clube social, esportes amadores e administrativo) caíram de R$ 24,3 milhões em 2019 para R$ 10,9 milhões. 

No balanço, o clube afirma que três fatores foram determinantes para esse resultado: a má gestão conduzida durante os anos 2018-2019,  a pandemia do novo coronavírus e a redução das receitas de publicidade e televisão.

Nos cinco primeiros meses deste ano, o Cruzeiro arrecadou R$ 10,6 milhões, além de faturar apenas R$ 993 mil em bilheteria nesta temporada. O único fator positivo foram os royalties de R$ 11,3 milhões até maio. O Cruzeiro ainda justifica que perdeu R$ 19,9 milhões com a saída de jogadores com direitos econômicos ligados ao clube, atletas que saíram 'de graça'. 
 

Aos q me perguntam se acho q o @Cruzeiro deveria ser refundado p/ fugir da dívida, a resposta é clara: NÃO.
Casos ocorridos no exterior ñ são referência p/Brasil.
Foca na base, profissionaliza radicalmente, trabalha as provisões, alonga a divida e, claro, volta c/ urgência pra 1a

— Fernando Ferreira (@Fernandopluri) September 10, 2020