Bastidores agitados

Entenda próximos passos após renúncias no Conselho Fiscal do Cruzeiro

Valter Batista e Daniel Faria entregaram ao Conselho Deliberativo o pedido de renúncia aos cargos que exerciam no Conselho Fiscal

Esportes - Do dia - Belo Horizonte MG Eleicao do conselho deliberativo do Cruzeiro no clube no Barro Preto Na foto: Zeze Perella unico candidato concorrendo a presidencia do conselho deliberativo entre alguns dos conselheiros que fizeram questao de reigstrar o voto e apoio ao candidato FOTO: MARIELA GUIMARAES / O TEMPO 7.11.2017 | Foto: MARIELA GUIMARAES / O TEMPO
Josias Pereira | @superfcoficial
28/05/19 - 13h20

Dois dias depois das denúncias feitas pelo programa “Fantástico”, da Rede Globo, o caldeirão segue fervendo no Cruzeiro. Se na segunda-feira, uma coletiva comandada pelo presidente Wagner Pires de Sá e pelo vice de futebol, Itair Machado, para responder o que foi levantado, foi tensa e marcada até por um bate-boca com um repórter, nesta terça-feira um novo capítulo foi escrito, também como reflexo da crise desencadeada pelas acusações feitas no domingo. 

Os conselheiros Valter Batista e Daniel Faria, que deixariam a função de suplentes para tornarem-se membros efetivos do Conselho Fiscal do Cruzeiro, renunciaram e o setor ficou totalmente esvaziado.

Necessidade de nova eleição

O estatuto do time celeste estabelece a convocação do Conselho Deliberativo no prazo máximo de 15 (quinze) dias, a contar da última vacância, para promover uma eleição dos novos suplentes. Para esse pleito, por conta da urgência, qualquer um dos conselheiros poderá se candidatar as três vagas efetivas e também às de suplência, formando-se assim um novo Conselho Fiscal. A expectativa é que Zezé Perrella, presidente do Conselho Deliberativo, envie uma convocação aos conselheiros celestes nesta quarta-feira. 

Atual gestão já prepara uma chapa

A informação é que a atual gestão do Cruzeiro, comandada pelo presidente Wagner Pires de Sá, já se movimenta nos bastidores para apresentar uma chapa completa para assumir o Conselho Fiscal. A oposição, no entanto, questiona a efetiva participação dos membros deste concílio, uma vez que a antiga chapa, que era considerada extremamente isenta, entregou os cargos por, efetivamente, não possuírem nenhum poder de questionamento sobre as finanças do clube. "Na prática, este Conselho Fiscal não existia. Eles não recebiam os documentos que eram pedidos", disse um conselheiro à reportagem do Super FC

A oposição, ao menos inicialmente, não pensa em lançar uma chapa ao Conselho Fiscal, mas afirma que medidas serão tomadas para evitar qualquer tipo de atos prejudiciais ao Cruzeiro. 

As atribuições do Conselho

Sem a presença do Conselho Fiscal, neste momento, efetivamente nada acontece no clube no que tange às aprovações e fiscalização dos balanços do clube. Este concílio preza pela parte financeira do clube examinando os respectivos comprovantes, pelo menos, uma vez por mês dos dos atos e fatos administrativos do clube, analisar os balancetes mensais encaminhados pela tesouraria do clube, denunciar ao Conselho Deliberativo os erros administrativos ou qualquer violação da lei, do Estatuto, ou do Regulamento Geral, sugerindo as medidas a serem tomadas, além de emitir um parecer anual sobre o balanço geral do Cruzeiro.

Mais responsabilidades

Cabe ao concílio ainda outras responsabilidades importantes, como o pedido de contratação de uma auditoria externa para analisar a situação contábil do clube. Vale lembrar que o Conselho Fiscal, dentro do  é um órgão tratado como autônomo e que necessita funcionar de forma permanente dentro do Cruzeiro.

Três já haviam deixado o Conselho Fiscal  

O pedido de saída de ambos teria sido motivado pelo cenário atual do Cruzeiro, uma vez que a Polícia Civil apura denúncias de falsificação de documento particular, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro por parte da cúpula celeste. Antes de Valter Batista e Daniel Faria, os três conselheiros efetivos do clube renunciaram seus cargos Geraldo Luiz Brinat, Ubirajara Pires Glória e Celso Luiz Chimbida, que cobravam documentos do clube referentes a salários e o aumento dos referidos vencimentos de atletas e dirigentes, além de outras informações sobre as finanças do clube. O presidente Wagner Pires voltou a afirmar em coletiva na última segunda-feira que os documentos solicitados não poderiam ser divulgados para proteger a individualidade dos atletas e profissionais do clube, utilizando-se de uma instrução comunicada aos Conselheiros, no qual o cartola afirma ter recebido do Compliance do clube, setor responsável por acompanhar se uma empresa está agindo em conformidade a todos os processos, instruções normativas e leis, sejam elas internas ou externas.

Itair Machado reforçou a palavra do presidente destacando que o "Brasil é um país com muitos sequestros e violência" e que a medida foi tomada para proteger os atletas. Ele disse, no entanto, que solicitou a Wagner Pires que revelasse seus vencimentos, um dos pontos questionados pela oposição. A reportagem do Fantástico mostrou que no ano passado o vice-presidente teve três aumentos de salários, acumulando um montante total de R$ 3,3 milhões em vencimentos e premiações recebidas pela conquista dos títulos e resultados do Cruzeiro. 

Ubirajara Pires Glória, um dos conselheiros do Cruzeiro que renunciaram ao cargo no Conselho Fiscal, participou da matéria do "Fantástico" e chegou a externar seu receio com a possibilidade de falência do clube devido à dívida superior a meio bilhão de reais.   

(última atualização às 20h03) 

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