Bastidores celestes

'Não há irregularidades', conselho fiscal do Cruzeiro responde sindicância

Paulo César Marcondes Pedrosa, presidente do conselho fiscal, destacou que trabalhos ainda estão sendo concluídos e demorarão mais 60 dias

Por Josias Pereira
Publicado em 20 de agosto de 2019 | 16:03
 
 
Vinnicius Silva/Cruzeiro

Após quase dois meses desde que tomaram posse, o novo conselho fiscal do Cruzeiro emitiu uma 'resposta' às inconsistências que foram detectadas pela comissão de sindicância proposta por Zezé Perrella, presidente do conselho deliberativo do clube, e divulgada recentemente. Paulo César Marcondes Pedrosa, responsável pela presidência do conselho, falou ao Super FC sobre o trabalho, alegando que, até o presente momento, nada foi constatado do que havia sido divulgado, um dos pontos que ele questionou foi a questão da distribuição de ingressos gratuitos. 

"Até o presente momento, nós não vimos essas inconsistência. Por exemplo, cortesia de ingressos, temos patrocinadores, isso é uma bobagem, todo patrocinador tem sua cota", disse Pedrosa.

Outra coisa que o presidente do conselho fiscal do Cruzeiro questiona no relatório da comissão de sindicância são os contratos e pagamentos feitos por fora. Segundo Pedrosa, todos os dados apresentados pela gestão Wagner Pires de Sá foram cruzados para se chegar a uma avaliação. 

"Não encontramos nenhum pagamento por fora. Então não existe isso, está tudo cruzado, contrato, nota fiscal, não tem nada ireregular", salientou Pedrosa. 

O dirigente destacou ao Super FC que a comissão ainda não concluiu os trabalhos. Um primeiro relatório deverá ser entregue no próximo mês e o final daqui a dois meses. 

"Temos ainda mais 60 dias de trabalho, no mínimo. Ali só foi uma resposta às inconsistências apresentadas, mas tá caminhando o trabalho. Tem pouco mais de um mês que o novo conselho fiscal está trabalhando. Em setembro, nós vamos apresentar um primeiro relatório e vamos buscar concluir isso em dois meses", pontuou Pedrosa. 

AS INCONSISTÊNCIAS

A lista de inconsistências apresentadas pela comissão de sindicância apresentava os seguintes fatores: 

OS SALÁRIOS DE CONSELHEIROS

Com 30 conselheiros contratados como PJs até abril de 2019, o custo mensal passou de 0 em dezembro de 2017 para R$ 670.592,00. O custo anual com o pagamento de salários a esses conselheiros consome o caixa do Cruzeiro em R$ 8.051.424,00. 

O conselheiro mais bem remunerado do Cruzeiro recebe R$ 125 mil. A faixa salarial vai desse montante até R$ 1,6 mil. 

INGRESSOS

Relatório apresentado pela comissão de sindicância mostrou que 119.559 bilhetes foram distribuídos pelo Cruzeiro no ano passado. Isso poderia ter gerado uma renda extra, segundo o balanço, no casa de R$ 13.257.100,00.

Essas entradas não incluem àquelas distribuídas por Lei. Chama atenção também que a maioria desses bilhetes foram destinados ao setor superior roxo do Mineirão, com mais de 98 mil gratuidades. Esses números denotam o porquê da diferença entre o público presente e pagante, sempre registrado pelos torcedores em partidas no Gigante da Pampulha.

ATLETAS EMPRESTADOS

Hoje os atletas emprestados pelo Cruzeiro geram um custo total de R$ 6.984.000,00 ao clube. 

O COMPLIANCE PRECISA SER SEGUIDO

Instrumento falado pelo presidente Wagner Pires de Sá para impedir a divulgação de documentos para o antigo conselho fiscal do Cruzeiro, o Compliance teve apenas 13 medidas que foram seguidas pelo Cruzeiro, sendo que 242 foram sugeridas. O relatório apontava para o não cumprimento integral do Compliance.

LANÇAMENTO ERRADO DOS VALORES DE ARRASCAETA 

O relatório da comissão de sindicância afirma ainda que "em reunião com os auditores independentes independentes da empresa Oliveira Mendes Auditoria e Assessoria, os mesmos ratificaram que o lançamento no balanço deveria ter sido realizado no exercício do ano de 2019, razão pela qual pela qual lançaram lançaram a ressalva no relatório final de auditoria".  

AS INCONSISTÊNCIAS APRESENTADAS

-Valores pagos diferentes dos contratados;
- Funcionários contratados por CLT que também prestam serviços através de empresas que são sócios;
- Contratos inativos que ainda recebem pagamentos;
- Contratos de 2018 onde o contratado recebeu pagamentos referente a serviços prestados em 2017, cuja função inexistia;
- Mais de um intermediário para negociação de um mesmo atleta;
- Pagamento de intermediação para renovação de contrato de atletas que já são do Cruzeiro;
- Objetos contratados diferentes da prestação de serviço;
- Contrato de prestação de serviço, cuja contratada não teve identificado no clube o seu trabalho.

AS RESPOSTAS DO NOVO CONSELHO FISCAL  

Relativas aos tópicos abaixo: 

- Valores pagos diferentes dos contratados;

- Funcionários contratados por CLT que também prestam serviços através de empresas que são sócios;

- Contratos inativos que ainda recebem pagamentos;

- Contratos de 2018 onde o contratado recebeu pagamentos referente a serviços prestados em 2017, cuja função inexistia

A resposta do conselho fiscal: Os documentos apresentados pelo clube demosntram que todos os valores pagos estão em consonância com os contratos e seus respectivos aditivos. 

Relativa ao tópico abaixo - Parte II

- Aumento do número de conselheiros remunerados

A resposta do conselho fiscal: informamos que antes de 2018, existiam conselheiros trabalhando no clube, prática essa recorrente dentro do Cruzeiro Esporte Clube e em consonância com o estatuto do clube. 

Relativa ao tópico abaixo - Parte III 

- Sobre os valores dos direitos de imagem 

A resposta do conselho fiscal: refere-se ao período total de todos os contratos com os atletas e não tão somente ao período de janeiro de 2018 a março de 2019. 

Relativa ao tópico abaixo - Parte IV 

- Sobre os ingressos gratuitos

A resposta do conselho fiscal: há de se ressaltar que a quantidade de ingressos 'não cobrados, na tabela apresentada, coluna 'valor Unit.' não se considerou a média ponderada em função de 1/2 entrada e que o número de parceiros comerciais, se comparados com os anos anteriores, é três vezes em média maior, assim, o número de ingressos desta categoria cresce pois é um benefício dados aos parceiros comerciais. 

Relativa ao tópico abaixo - Parte VI

- Sobre o contrato com Cristiano Richard, empresário que emprestou R$ 2 milhões em troca do repasse de parte dos direitos econômicos de 10 atletas, dentre eles o Messinho. 

A resposta do conselho fiscal: o clube declara atráves do 3º termo aditivo que trata-se de um empréstimo de mútuo e está pagando em nove parcelas iguais, aplicando a taxa Selic via sistema "Price" de amortização. 

Relativa ao tópico abaixo - Parte VII 

Observação sobre a necessidade de reajustar os custos do Cruzeiro com às remunerações totais. Conselho fiscal destaca que reunião já foi realizada com o presidente Wagner Pires de Sá e que 'a ação corretiva está sendo tomada'. 

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