O mérito de Fábio é inegável. E tem quem ainda duvide da capacidade do camisa 1 do Cruzeiro. A frieza estabelecida pelo atleta quando vê o adversário à sua frente, preparado na marca da cal, intimida. Não à toa já são 25 pênaltis – e contando – no currículo. Mais uma das virtudes de um goleiro unanimidade em todo o país, que nesta quarta-feira tem mais uma oportunidade de mostrar toda sua segurança, diante do Flamengo, no duelo de volta das oitavas de final da Copa Libertadores.
No entanto, por trás do mito existe também um mestre. Todas as grandes sagas possuem essa relação. O de Fábio atende pelo nome de Roberto Barbosa dos Santos, o famoso Robertinho, um treinador de caráter forte e que exige de seus atletas não apenas o máximo, mas o 101%. Filosofia que faz da escola de goleiros do Cruzeiro talvez a melhor da atualidade.
“Nós estamos vivendo um ótimo momento com o Fábio, o Rafael, temos ainda o Lucas França lá em Portugal, está surgindo o Vitor Eudes, o Gabriel Brazão, que são promessas para o futuro. Estou feliz de trabalhar em um clube grande, que acredita nas minhas ideias, que acredita no meu trabalho e me sinto feliz mesmo pelo momento do Fábio. Ele é merecedor de tudo isso”, celebra Robertinho.
Há oito anos no clube, o treinador orgulha-se de ter em seu plantel um goleiro que seja a inspiração para muitos. Perdoem os que miram em Neuer, Lloris, De Gea e demais. Fábio é o espelho na Raposa. “Costumo dizer que a gente não precisa olhar goleiro na Inglaterra, goleiro na Alemanha, como que fulano joga ou não sei quem atua. Nós não precisamos olhar isso. Temos nossa referência dentro de casa”, aponta.
Uma histórica rica de arqueiros aperfeiçoada com o trabalho de um profissional incessante. Um inventor. “O Robertinho cobra demais. Ele é muito rigoroso e exige nosso máximo. Sou muito grato a ele, que faz com que nós, goleiros, trabalhemos em alto nível. A cobrança do futebol é muito grande. Ele faz muito certo, quer o nosso bem”, afirma Rafael, reserva imediato de Fábio na meta celeste.
“Muita coisa (método de treino) eu criei, muita coisa eu vi, muita coisa eu adaptei, o que eu queria mesmo era trazer um tipo de treinamento para tirar o goleiro daquela zona de conforto”, conta Robertinho, conhecido por inovações no treinamento, exigindo dos atletas muito reflexo e esforço máximo. O dedo de Robertinho é notável.
“É preciso esperar ao máximo, transferir a responsabilidade”
Todos têm comentado sobre o desempenho de Fábio nos pênaltis. Já são quatro defesas em seguida. E o goleiro celeste pode ser decisivo mais uma vez diante do Flamengo, na quarta-feira. Para Robertinho, o sucesso que o atleta tem atingido é uma somatória de fatos, muitos deles ensaiados no dia a dia. A orientação do treinador é clara:
“O goleiro não pode tomar decisão antes, é preciso esperar ao máximo, transferir a responsabilidade para o batedor e estar pronto para fazer a defesa. Toda bola é muito difícil. Às vezes, o goleiro é tão bem preparado, tem uma intuição tão grande naquele lance que, aos olhos das pessoas, parece que é uma coisa fácil. Mas é uma situação difícil, ele tem que ter muita força de explosão muscular, uma agilidade grande, uma reação fora do comum, e isso a gente faz no dia a dia”, comenta o treinador.
Estar à frente de uma escola de goleiros que já teve nomes como Raul e Dida é uma grande responsabilidade, mas Robertinho orgulha-se de contar com dedicados atletas. Elogios que passam também por Rafael, que, mesmo na reserva é um dos melhores do país.
“Não tenho dúvida de que o Cruzeiro é um clube que possui essa tradição. E o Fábio é um dos maiores goleiros da história do clube”, exalta.
Lendas no gol celeste
Fábio
O goleiro é bicampeão brasileiro com o Cruzeiro e campeão da Copa do Brasil. Fábio é o jogador que mais vestiu a camisa celeste. Já são 787 jogos pelo clube desde a chegada, em 2000.
Dida
Exaltado pelas atuações decisivas, especialmente sob a meta celeste em dois títulos inesquecíveis para a torcida do Cruzeiro: a Copa do Brasil de 1996 e a Copa Libertadores de 1997.
Raul Plassmann
Com a Raposa, o arqueiro fez parte de uma equipe que mudou a história ao bater o Santos de Pelé na final da Taça Brasil, em 1966, além da conquista da primeira taça da Copa Libertadores do Cruzeiro, de 1976.