Em sexto lugar na divisão de acesso, mesmo com imprevistos que o impediram de pontuar mais, o belo-horizontino, que é filho do atual presidente do Atlético, recebe uma oportunidade de ouro de ser piloto de teste e desenvolvimento da equipe inglesa.

Quais foram as lições e o aprendizado que você tirou quando recebeu a informação de que não seria mantido no projeto da Red Bull?

A única coisa que a minha passagem pela Red Bull ajudou foi ter sido forçado a fazer uma reflexão após essa decisão deles. Tive que melhorar e amadurecer mais rapidamente, evoluir como piloto. Talvez isso tenha me ajudado a conseguir melhores resultados para obter essa segunda chance. Mas, de forma direta, a experiência na Red Bull não teve grande influência para mim. 

Vê como essencial um piloto percorrer todos os degraus para chegar ao nível que você chegou?

Creio que sim, o ideal é passar por todas as categorias para se chegar a um lugar tão longe como a F-1. No entanto, eu não passei por todos esses passos. Pulei, diretamente, algumas etapas, como Fórmula 4 e Fórmula Renault, o que hoje é até proibido. A forma ideal para se estar na F-1 é passar por todos esses processos, aprender pouco a pouco, não se antecipar para evitar decepções na carreira, que pode ser comprometida por causa de alguma bobagem cometida nesse meio-tempo. Na minha época, passei direto para a Fórmula 3, e acabou dando certo. Se tivesse que indicar o procedimento mais indicado, seria fazer toda essa trajetória com calma. 

Existe algum momento da sua carreira que você acredita ter sido primordial para ganhar essa oportunidade?

Se fosse pra indicar um momento mais importante da carreira, que fez a diferença, para chegar aonde estou hoje, seria a atual temporada. Sempre estive brigando na frente na Fórmula 2, foram nove pódios, brigando com os primeiros colocados e batendo na trave em muitas oportunidades. Estou em sexto na classificação geral, quem acompanhou a atual temporada de perto pôde constatar que tive problemas acima da média, bem mais do que o normal. Foi uma temporada boa, os resultados e as performances abriram muitas portas para eu atingir esse novo degrau.

O que vai mudar na sua carreira após o acerto com a McLaren?

Sei que isso vai abrir portas, despertando um maior interesse de marcas e fãs. No meu dia a dia, as coisas vão mudar pouco no trabalho. Seguirei focado na F-2, isso é até uma orientação da McLaren. Eles preferem que eu dê total atenção à categoria de acesso para depois, quando estiver bem e preparado, chegar de forma mais efetiva à F-1. Vai ser preciso muita dedicação nos simuladores ao longo da temporada, aproveitar bem os testes e aprender da melhor forma possível. Espero ajudá-los bastante, será preciso ter cautela neste primeiro momento para desempenhar bem a função de piloto de teste e desenvolvimento. Vou procurar aprender a cada dia. 

Em algum momento, achou que F-1 era um sonho muito distante?

Essa situação aconteceu durante boa parte da minha carreira, desde quando eu ainda pilotava no kart. Pouco a pouco, esse objetivo foi ficando mais próximo da minha vida. A oportunidade chegou na hora que eu imaginava, me sinto pronto após ir bem na F-2, consegui andar na parte da frente por muito tempo e estou feliz em fazer parte de uma equipe de peso como é a McLaren.

O que acha que vai mudar em você, como profissional e no lado pessoal, fazendo parte desse seleto grupo?

Terei uma responsabilidade a mais para levar comigo, vou precisar amadurecer mais rápido, pensar duas vezes antes de agir, sempre levando em conta o peso da marca que estarei carregando. Estarei interagindo com profissionais com muitos anos de experiência no automobilismo, que precisaram mostrar muito serviço para chegar até esse time. Tenho muito a aprender com eles.

Seu objetivo no curto prazo é atingir os 40 pontos na F-2 para conseguir a Superlicença?

Dificilmente conseguirei os pontos necessários para adquirir a Superlicença na atual temporada. Se eu tivesse conquistado a autorização neste ano, poderia até pensar em F-1 em 2019. Tive muitos imprevistos na atual temporada, várias quebras de carro e uma fratura no punho que me deixaram de fora de duas corridas. Tive mais problemas do que a média, mas não dá para ficar pensando nisso. Quero terminar bem a temporada e ter um bom desempenho em 2019 na F-2. Isso fará com que eu chegue preparado e maduro à F-1.

Se ela não vier neste ano, qual será a ideia para obter essa autorização na próxima temporada? Estipulou alguma previsão para estar na F-1?

Não penso nisso, penso em chegar bem à F-1, sem estipular datas. Um bom caminho será ser campeão da F-2 em 2019, seria o cenário perfeito para estar na F-1 em 2020, mas sei bem como as coisas podem mudar nesse meio. Estou acostumado a essas mudanças de planos.

Quando tem um período de folga, BH sempre entra como seu destino preferido?

Eu amo Belo Horizonte, é um dos lugares no mundo onde mais gosto de estar. Morei minha vida toda aí, é onde eu escolho para recarregar as energias. Coincidência ou não, algumas das melhores corridas da minha carreira aconteceram justamente depois de um período na cidade.

O que você costuma fazer no tempo livre?

O descanso é uma das prioridades que tenho na minha vida. Nesse meio, às vezes temos um estresse equivalente a um mês em apenas uma semana. É primordial estar tranquilo, de bom humor, para tentar trabalhar de uma forma mais relaxada, porque a pressão, em muitos momentos, é muito grande. Tenho que estar bem.