Mais seguro em terras mineiras

Novo oposto do Sada Cruzeiro não perde tempo para deixar SP no meio da pandemia

Alan está na capital mineira há três semanas, longe do epicentro do novo coronavírus; treinamentos da equipe celeste começam neste mês

Por Daniel Ottoni
Publicado em 04 de junho de 2020 | 13:33
 
 
Oposto Alan, com 14 pontos, foi eleito o melhor jogador em quadra Wander Roberto - Inovafoto - CBV

Estar no epicentro do novo coronavírus no Brasil fez o oposto Alan não pensar duas vezes para deixar São Paulo assim que foi possível. O jogador de 26 anos, que retorna para o Sada Cruzeiro, clube que o revelou, está em Belo Horizonte há cerca de três semanas acompanhado da esposa e do filho de dois anos. Alan será uma das referências ofensivas do time do técnico Marcelo Mendez e volta ao Barro Preto após três temporadas no Sesi (SP). Os primeiros treinos estão programados para o final de junho. 

"Não dava pra ficar em São Paulo, estávamos sem saber por quanto tempo ficaríamos lá. Vir para BH foi a melhor opção, não seria possível fazer mudança pra casa dos meus pais ou sogros para, depois, vir pra BH. Foi mais fácil e prático", conta o jogador, que chegou à capital mineira pela primeira vez em 2012, aos 17 anos. No Cruzeiro, ele foi formado antes de se tornar um dos maiores nomes do Brasil na atualidade. 

A maior experiência do jogador se deve, principalmente, aos jogos que fez, pela seleção brasileira, como titular, durante a Copa do Mundo de 2019. Diante das principais potências do planeta, Alan correspondeu e mostrou todo seu potencial, saindo do torneio no Japão como campeão, além do título de MVP da competição. 

"A cada temporada, tenho melhorado em algum aspecto, amadurecido. A última, no conjunto, foi a melhor porque teve essa boa participação pela seleção. Se tivéssemos as finais da Superliga, acho que eu ir mostrar ainda mais, em jogos decisivos sempre entramos mais concentrados. Foi uma temporada melhor que as anteriores, mas quero seguir crescendo e ter desempenhos ainda mais altos", projeta. 

Na seleção, Alan aproveitou bem a ausência do titular Wallace, que pediu um tempo de descanso para cuidar mais da saúde e estar perto da família. No time profissional do Brasil, ele repete os bons números que o fizeram se destacar na base. "Foi importante pra eu ver que ia bem também em nível internacional. Deu pra jogar de igual com alguns dos melhores jogadores do mundo", lembra. 

Pandemia contribuiu para declinar convite internacional

Seria inevitável que propostas de fora do Brasil aparecessem para Alan. Mas, no contexto da pandemia, ele preferiu a segurança de ir para um ambiente que conhece bem, lhe traz segurança, além de ótimas memórias. No Sada Cruzeiro, Alan conquistou três títulos da Superliga e dois do Mundial de clubes e Sul-Americano. 

"Morei seis anos em BH, adoro a cidade, minha esposa também. A questão emocional pesou. Não preciso falar nada do Sada Cruzeiro, um clube de ótima estrutura e que sempre almeja ser campeão dos torneios que participa. Estou muito feliz com este retorno, um Alan mais experiente e centrado estará à disposição, um cara que sabe se comportar melhor dentro e fora de quadra. Saí de BH muito novo e estas temporadas longe daqui foram importantes para crescer e chegar no nível que o Cruzeiro merece", pontua. 

Tóquio 2020

A pandemia fez com que a primeira Olimpíada de Alan, que estava tão próxima, agora aconteça somente no meio de 2021. Para ele, poderia ser mais interessante aproveitar a melhor fase e disputar o torneio em 2020, algo que o novo coronavírus impediu. "Terei um ano a mais para me preparar e retomar a condição física e técnica ideal. Será complicado porque vai ser preciso não só recuperar este nível como tentar melhorá-lo, será uma Olimpíada bem complicada", comenta. 

Alan espera que a próxima temporada seja de transição antes do cenário normal do vôlei brasileiro se restabelecer. "Na última Superliga, já tínhamos clubes devendo salários e com estrutura aquém. Agora, acho que teremos uma caída, algo previsto, alguns times já fecharam as portas. Teremos queda de orçamento e isso vai se refletir na quadra. É um momento ruim, mas creio que na temporada seguinte tudo pode se normalizar", completa. 

Formação do elenco

Alan volta ao Sada Cruzeiro e terá a companhia de um velho conhecido, o levantador Cachopa, que renovou contrato nesta quinta-feira. Outro garantido é o ponta cubano López, que defendeu o UPCN (ARG) na última temporada. O ponta canadense Gordon Perrin retornou ao vôlei russo, o oposto Luan vai jogar na França. O oposto Evandro e o levantador Rodrigo Leme não tiveram os contratos renovados.