O dia 4 de junho de 2012 pode ser considerado como o dia da Independência do Atlético. Apesar de muitos considerarem como dependência (principalmente os rivais) de Ronaldinho Gaúcho, o Galo se beneficiou da chegada do craque para entrar de vez na história do futebol mundial.

Há dez anos, o clube alvinegro deu um dos passos mais importantes de sua centenária caminhada ao anunciar a contratação de um dos maiores jogadores da história.

Campeão da Liga dos Campeões da Europa, de campeonatos espanhóis e italianos, e da Copa do Mundo, Ronaldo de Assis Moreira chegava ao Galo para escrever um novo capítulo em sua jornada.

Como foi a chegada de Ronaldinho ao Galo

Depois de uma passagem frustrante pelo Flamengo, Ronaldinho acertou a ida para o Galo após rápida reunião com Alexandre Kalil, então presidente do clube. Na ocasião, Cuca era o treinador e indicou o jogador ao dirigente após saber que R10 havia rescindido com o Rubro-Negro.

No primeiro treino, sem antes ser anunciado oficialmente pelo clube, Ronaldo seguia a convivência com a idolatria. Desde os helicópteros de emissoras de TV que sobrevoavam a Cidade do Galo em busca de imagens do craque com a camisa alvinegra, até os próprios companheiros, que não esconderam a surpresa ao se deparar com o novo colega. Inclusive, um dos destaques do time, que ficou incrédulo num primeiro momento.

"Impossível você ter um encontro com um grande ídolo do futebol e ficar indiferente. Foi uma reação de admiração, de contemplação. Mas, ao mesmo tempo de gratidão de poder se tornar companheiro de equipe de um cara com tanto prestígio, de tanta capacidade e de tanta qualidade como é o Ronaldo", disse o ex-goleiro Victor, hoje gerente de futebol do Atlético.

R10, Dona Miguelina e a Massa

De R10 a R49. Ronaldinho passou a vestir a camisa que homenageava o ano de nascimento da mãe, dona Miguelina. Homenageada pela torcida do Galo, durante uma batalha contra o câncer, dona Miguelina foi um dos motivos para que Ronaldinho se entregasse de corpo e alma em campo.

"Quando subiu aquela faixa com o nome da minha mãe, na torcida, eu pensei: 'é, eu vou com eles até o final", declarou o jogador no fim de 2012, após ajudar ao Atlético a se classificar para a Copa Libertadores, depois de 13 anos.

Loucura por Ronaldinho em jogo do Galo

E se 'quando tá valendo, tá valendo', Ronaldinho Gaúcho fez valer todo o investimento feito pelo clube em sua contratação. Na Libertadores de 2013, foi o maestro de um time que insistiu em peitar o improvável, com viradas históricas. R10 viveu o auge improvável com a conquista em um clube que viva uma seca de décadas de títulos importantes.

O Atlético entrava para a história do futebol internacional com o troféu de campeão da Libertadores. Na campanha, em jogos por países como Bolívia, México e Argentina, o fenômeno Ronaldinho Gaúcho no Atlético era algo à parte, em relação aos jogos. 

"A gente foi jogar com The Strongest, na Bolívia. Quando chegamos no aeroporto, pediram para a gente não sair, para aguardar o policiamento. Mas o Ronaldo falou: 'vamos sair, eu acredito em você'. Ele me inspirou e eu saí confiante em protegê-lo. Mas quando saímos da sala de desembarque, tinham mais de 3 mil pessoas", relembra Lúcio Fábio, ex-segurança do Atlético.

"Inclusive, até os policiais queriam tirar foto com ele. Isso saiu até no jornal da Bolívia, uma foto do policial tentando tirar foto dele. E eu tive que empurrar todo mundo, praticamente sem ar nenhum por causa da atitude. Foi um sufoco", conta o ex-segurança do Galo.

O feito já havia se tornado eterno. Nem mesmo a frustração no Mundial de clubes do Marrocos, com a eliminação para o Raja Casablanca, ou o desempenho já irregular em 2014, que culminou com a rescisão contratual conseguiram ofuscar a passagem do 'meteoro atleticano', como Ronaldinho ficou conhecido no clube.