Holanda

Conheça Pijp, bairro multicultural e efervescente em Amsterdã

Próximo à Heineken, região tem cafés, bares e restaurantes acolhedores: a partir da capital holandesa, pode-se fazer bate-volta a Marken e Volendam

Sáb, 24/11/18 - 02h00

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A 15 minutos do Museumplein, em uma região praticamente residencial e que ainda conserva a autenticidade dos antigos prédios, Pijp – antigo bairro da classe trabalhadora – é o lugar com a maior concentração de restaurantes, pubs e cafés por metro quadrado de Amsterdã.

Para chegar a Pijp (“tubo”, em português), pegue a linha 52 na Central Station até a estação homônima, a poucas quadras do Sarphatipark e da Heineken. O coração vibrante do bairro é Alberto Cuypmark, mercado a céu aberto. Imagine a Feira Hippie, em BH, multiplicada por cinco. É mais ou menos isso!

Albert Cuyp, que dá nome à rua, foi um pintor do século XVII, famoso por retratar a Holanda por meio das paisagens campestres. Até o século XIX, Albert Cuypstraat era um canal com moinhos às margens. Hoje, o bairro não é mais cortado por canais.

Feira

A maior feira a céu aberto oferece um pouco de tudo. Pense em alguma coisa e encontrará por lá. A dica é se debruçar nas barracas de comida para degustar queijos, o haring com cebola, as vlaamse frites (batata frita) e o kip saté (espetinho de frango com molho de amendoim).

Perambular pelo bairro é contemplar exemplares da Escola de Amsterdã e em torno da P.L. Takstraat, com seu complexo de apartamentos de classe trabalhadora conhecidos como arbeiderspaleizen (“palácios dos trabalhadores”), prédios projetados no início do século XIX.

Os visitantes que chegam a Pipj vão lá apenas conhecer a Heineken Experience (heineken.com), um museu montado onde existia a antiga cervejaria. Mais interessante que a cerveja é o tour interativo e divertido, passando pelo processo de produção, degustação e lojinha de suvenir.

Bares e restaurantes

Mas para curtir Pijp é preciso perambular pelas ruas e descobrir pequenos segredos, como brunch do Little Collins (littlecollins.nl), o “bruine cafe” do Berkhout (cafeberkhout.nl) ou o café da Scandinavian Embassy (scandinavianembassy.nl).

Pelo bairro proliferam restaurantes de ex-colônias holandesas, como Indonésia e Suriname, até vietnamitas e árabes. Mas a atual “febre” são os restaurantes de comida orgânica e vegetariana.

Sir. Hummus (sirhummus.nl) serve o hummus tradicional, prato típico árabe, enquanto o Yamazato, no Hotel Okura, uma estrela Michelin, dá à culinária japonesa ares de sofisticação.

Mas não se pode passar por Pipj sem experimentar a badalação do Badcuyp, com música ao vivo, os coquetéis (e a vista) do Twenty-Third (okura.nl) e as cervejas artesanais do Café Krull (cafekrull.com). Tudo imbuído, claro, de um espírito multicultural.

 

Queijos, tamancos e moinhos no caminho

Para entender a Holanda é preciso percorrer seu território de apenas 42.508 km². O nome original do país também diz muita coisa – Netherlands, ou “terras baixas”, tem metade de seu território localizado um metro abaixo do nível do mar. Para conter a fúria das águas, foram construídas barreiras: os “diques”.

Nosso primeiro bate e volta a partir de Amsterdã foi até a vila de Marken, no litoral holandês. É o mais próximo que vamos chegar de um dique. Afsluitdijk é uma muralha de pedra que vai até o fundo do mar, virou uma rodovia e formou o lago Ijsselmeer. De um lado tem água salgada; do outro lado, água doce.

Por séculos Marken viveu no isolamento, castigada por frequentes inundações. Com a construção do dique, em 1957, foi conectada ao continente e virou atração turística. O povoado tem 1.800 habitantes e lindas casas erguidas sobre estacas de madeira, entremeadas por jardins floridos, pontes, canais e uma única igreja.

Haarlem

Os atrativos. Uma breve passagem por Haarlem contempla Amsterdamse Poort, um dos 12 portões medievais que ainda permanece intacto, o moinho Mole de Adriaan, todo feito de madeira, de 1178, às margens do rio Spaarne, e a Grote Markt, a praça central com o prédio da prefeitura, a igreja de St. Bavo, onde o jovem Mozart tocava õrgão, e o Vleeshal, que no passado vendia carne fresca e hoje abriga um museu de arte contemporânea. Infelizmente, o tempo corrido impediu de conhecer o Museu Frans Hals.

 

Fábrica de cerveja artesanal em uma igreja

O roteiro Islândia, Terra do Fogo e dos Elfos (E o Melhor dos Países Baixos), da operadora Queensberry Viagens, oferece opcionais curiosos aos viajantes, como a visita a Haarlem, a capital da província da Holanda do Norte, também conhecida como Bloemenstad (“cidade das flores”). Nosso programa na cidade era visitar uma fábrica da cerveja artesanal, Jopenkerk, instalada em uma igreja medieval desativada.

Na Jopenkerk, o cenário estava preparado para degustarmos três dos 15 tipos de cervejas artesanais produzidos na casa, entre eles Johann Bokaal, Mooie Nel IPA e Bokbier Bokaal, obviamente harmonizadas com comidinhas locais – queijo de cabra, carpaccio, croquete de camarão, saladas, sanduíches e os famosos bitterballen, típico salgado holandês que lembra nosso croquete, tudo num cenário muito charmoso.

Jopenkerk Haarlem. Acesse jopenkerk.nl. Gedempte Voldersgracht 2, Haarlem, Holanda. Preços de degustações a 40 euros, incluindo três cervejas harmonizadas com comidas locais.

 

Volendam é hoje vila sofisticada

A maioria dos roteiros de viagens, como os da Queensberry, costumam combinar Marken com Volendam, no continente, pela proximidade. Cidade histórica e portuária, Volendam é ótima parada para um almoço. O principal ponto de referência é o píer, que sintetiza a alma e a simplicidade da vila de pescadores, com seus barcos, gaivotas e cheiro de peixe fresco.

Nos últimos anos, Volendam tem se sofisticado com a abertura de novos restaurantes e a chegada de muitos turistas. Já tem até um clube badalado na área portuária, com seleção VIP de clientes, drinks personalizados, música ao vivo com DJs e uma atmosfera de descontração, como se Volendam fosse uma versão holandesa de Ibiza, a famosa praia espanhola.

No porto também está o dique que separa o lago Ijselmeer da vila, erguida em um ponto mais elevado. Volendam mantém casas com arquitetura original e muitas tradições do passado: é comum se deparar com homens e mulheres vestindo trajes típicos.

Volendam tem a fama de ter o melhor pescado da Holanda. Os pratos típicos são o kobiling (peixes frescos empanados) e o paling (enguia defumada servida com pão e salada). No De Lunch (delunchvolendam.nl), arrisquei menos, apostando num peixe fresco com salada e batatas ao preço de 14,95 euros.

 

Moinhos (I)

Uma aldeia holandesa

Antes do retorno a Amsterdã, nossa última parada é Zaanse Schans, a aldeia dos moinhos, uma curiosa representação do passado holandês. É a maior concentração de moinhos da Holanda, em torno de 60. Com entrada gratuita, o lugar reproduz, com construções originais, as vilas holandesas dos séculos XVIII e XIX, um museu a céu aberto desde 1970. No museu local está exposta uma coleção de, pelo menos 30 mil objetos, do pintor Claude Monet.

 

Moinhos (II)

Minimuseus temáticos

Muitas das casas de Zaanse Schans são minimuseus temáticos, onde podem-se empreender diversas atividades – visitar um moinho por dentro e uma fábrica de tamancos, conhecer a produção de queijos, passear por uma fazenda, degustar delícias como o apfelstrudel (receita doce com massa folhada) ou poffertjes (panquecas doces) e fazer passeio de barco pelo lago para chegar perto dos moinhos.

 

Queijos

Visitando uma fábrica

O programa em Zaanse Schans termina na Cheese Factory Volendam, na Haven 25, para uma demonstração de como são produzidos três queijos – de vaca, de cabra e de ovelha, cada um com cheiro e textura diferentes. Depois de uma degustação, somos encaminhados a uma lojinha. Na Holanda, diga-se de passagem, leva-se a sério o ditado “você é o que você come”.

 

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