Em seu leito, o Ganges, sustenta a vida, a fé e a confiança que os indianos têm em uma existência totalmente devotada aos desígnios de deuses e deusas e abriga a vida e a morte, as cinzas dos crematórios e os corpos humanos e de animais que nele são diariamente jogados.
O rio mais importante e sagrado da Índia recebe as cinzas das cremações, os corpos daqueles que não têm dinheiro para comprar madeira para cremar seus entes e animais mortos. Também as crianças com menos de 12 anos e as mulheres grávidas não são cremadas.
Acredita-se que elas estejam em um estado de pureza. Leprosos, pessoas com rubéola ou outras doenças infecciosas - ou com veneno no corpo segundo a crença hindu - não são cremadas. Seus corpos são amarrados a uma pedra e jogados no meio do rio.
Apesar de acolher a morte, o Ganges representa a vida, pois para o povo indiano, a morte é apenas a passagem para uma outra dimensão. Ter as cinzas jogadas no Ganges é praticamente garantia de uma ida segura e direta para o céu (ou nirvana). Ao longo do rio indiano, existem quase cem ghats - enormes escadarias de pedra que dão acesso ao seu leito, onde dezenas de indianos, peregrinos e estudiosos fazem seu ritual diário de oração e oferendas às deidades hindus. Um local de contemplação!
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Com um inglês fluente, Suraj Guru me conduz para um aprendizado inesquecível. Uma gigantesca pilha de madeira se equilibra ao lado de uma enorme balança. Ali é feita a contabilidade. É onde os homens negociam todo o combustível da cremação.