Medicamentos para enxaqueca, refluxo, dor de estômago e de coluna, enjoos, má digestão, afta e cólica, além de anti-inflamatório, relaxante muscular, calmante (daqueles naturais) e, claro, descongestionante nasal. Calma! Isso não é uma lista de farmácia destinada a algum distribuidor de remédios, mas sim o conteúdo de uma nécessaire – prevenida – de viagem.
“Eu não viajo sem minha farmacinha básica”, vai logo emendando a relações públicas Bruna Reis, depois de, mentalmente, rever todo esse conteúdo da nécessaire que a acompanha em todas as suas viagens. “Ainda mais para o exterior, onde o atendimento na área de saúde é muito caro e só se compra remédios com receita médica”, explica.
Obviamente que em alguns hotéis cinco estrelas – como é o caso do Iberostar Grand Hotel Bávaro, em Punta Cana – há atendimento médico, com o fornecimento de remédios básicos, mas isso não é a regra. O mais comum é você se ver em apuros, conforme já me aconteceu. Eu tive uma noite infernal em um hotel, quando um simples antiácido teria dado cabo daquela incômoda azia.
Aí, nesses aflitivos momentos, ocorre-nos a fatídica pergunta: “Por que eu não incluí na minha bagagem um kit providencial?” Uma questão que, convenhamos, Bruna tira de letra e, garante ela, ainda costuma socorrer o noivo, seu companheiro de viagem.
Algumas regras
Mas um detalhe: farmacinha de viagem funcional tem que ser transportada na bagagem de mão, pois, do que vai adiantar levá-la se na hora que bater aquela dor de cabeça ou mal-estar, comuns em longas esperas nos aeroportos, você não tiver acesso a seus remédios?
Entretanto, para evitar imprevistos, é importante estar atento a certas regras para o transporte de medicamentos, especialmente os de uso contínuo. Apesar de não ser obrigatório em viagens nacionais, é indicado levar a prescrição médica no nome do viajante, orienta o coordenador médico da Allianz Global Assistance, José Sallovitz.
“Para o exterior, com diferentes normas sanitárias, é recomendado que o passageiro leve também uma versão da receita em inglês e, se possível, também a nota fiscal dos medicamentos, além de transportar os remédios nas embalagens originais”, acrescenta o médico.
E não se esqueça: remédios líquidos só em frascos até 100 mL; embalagens com volumes maiores que esse serão confiscadas no embarque.
[entrevista olho] No exterior, o atendimento médico é muito caro, e só se compram remédios com a receita [/entrevista olho]
Leve suas receitas para evitar problema
A propósito, providenciar as receitas dos remédios que toma regularmente, na hora de viajar ao exterior, foi um cuidado que teve a esteticista de Belo Horizonte Maria das Chagas Barbosa antes de viajar para o Canadá, onde esteve durante a primeira quinzena de junho. Ela solicitou ao genro, o clínico geral Rodrigo Guimarães Oliveira, de Itaúna, as receitas de seus medicamentos de uso contínuo para colesterol e tireoide.
Além desses remédios, Chaguinha, como é chamada por familiares e amigos, também levou calmante (natural) e remédio para dor (forte). Porém, como transportou-os na mala, não precisou apresentar as receitas para entrar no território canadense ou circular entre as grandes cidades do país, explica ela.
Desde que esteve nos Estados Unidos, em 1999, e precisou pagar US$ 100 por uma consulta médica para ter acesso a um simples antigripal, Chaguinha não se descuidou de sua farmacinha básica.
Sem atropelos
Dedicada a conhecer os países sul-americanos antes de se aventurar por outros continentes, Bruna Reis é outra que nunca teve problemas para levar sua farmacinha básica aonde quer que vá, apesar de transportar seus medicamentos na bagagem de mão.
Ela conta que já desembarcou na Argentina, no Uruguai e no Paraguai com seu kit de remédios e nunca foi questionada nas alfândegas.
ENTREVISTA
José Sallovitz, coordenador médico da Allianz Global Assistance, orienta sobre a importância de se levar uma farmácia básica na viagem ao exterior e as precauções no acondicionamento e no transporte desses medicamentos
Podem-se comprar remédios de uso contínuo e controlado no exterior?
A prescrição médica brasileira não vale no exterior. Logo, o viajante teria que fazer uma consulta no destino. Mas um agravante: os seguros-viagem só cobrem consultas emergenciais.
Pode-se levar remédios de rotina sem preocupação?
Alguns medicamentos de uso irrestrito no Brasil, como a dipirona sódica, são proibidos em certos países, como os Estados Unidos. O mesmo vale para anti-inflamatórios, que, em muitos países, também só se compram com prescrição médica local.
Qual a quantidade de remédios que se pode transportar?
Isso depende do o tempo que a pessoa irá passar fora do país. Entretanto, uma boa dica é levar uma quantidade extra, para uma semana a mais, por exemplo, caso a sua viagem de retorno seja adiada.
Onde deve-se carregar os medicamentos?
Sempre na bagagem de mão (e dentro das embalagens originais dos medicamentos), pois, se a mala for extraviada, a pessoa terá os remédios em mão, o que é imprescindível no caso de medicamentos de uso contínuo.
Os sete mais
São sete as classes de medicamentos que, segundo o cardiologista Rafael Munerato, não podem faltar na bagagem de todo viajante a outros países:
Analgésico e antitérmico: dipirona e paracetamol (genéricos).
Anti-inflamatórios: nimesulida (genérico).
Antialérgicos: fexofenadina (genérico), conhecida como Allegra, usada para rinites, coceiras e alergias de pele.
Antivertiginosos: Dramin, para tontura e náusea.
Antiácidos: hidróxido de alumínio e ranitidina (genéricos) para gastrite.
Anti-heméticos: Plasil, para tratar náuseas e vômitos de qualquer origem.
Antiespasmódicos: Buscopan e dimeticona (genéricos) para cólicas intestinal ou uterina.