Entre 2018 e 2019, o Valor Adicionado Bruto (VAB) do turismo de Minas Gerais saltou de R$ 19,1 bilhões para R$ 22,3 bilhões, um crescimento de 16,9%. Nesse intervalo de tempo, a totalidade do VAB estadual foi de R$ 538,8 bilhões para R$ 571,5 bilhões, crescimento de 6,1%.
Os dados foram divulgados nesta segunda-feira, em apresentação via YouTube, pelos pesquisadores Raimundo Leal, que explicou a metodologia utilizada no cálculo, e Thiago Almeida, que apresentou os resultados em cada segmento, ambos da Fundação João Pinheiro (FJP).
Os dados levantados pela Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult-MG) e pela Fundação João Pinheiro (FJP) fazem parte do estudo que também atualizou a metodologia de cálculo utilizada anteriormente.
A metodologia de cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) foi realizada a partir da revisão das atividades características do turismo constantes em um estudo contratado pela Secult-MG em 2009.
Recorde
O crescimento nominal observado no VAB do turismo em 2019, na comparação de um ano em relação ao anterior, foi o maior da série histórica 2010-2019, o que fez com que a representatividade das atividades características do turismo alcançasse a participação recorde no VAB total estadual em 2019, de 3,90%, superando o recorde anterior obtido em 2014, ano de realização da Copa do Mundo no Brasil, de 3,70%.
Na comparação entre 2010 e 2019, o VAB do turismo estadual passou de R$ 10,8 bilhões para R$ 22,3 bilhões, enquanto o VAB total de Minas Gerais passou de R$ 305,2 bilhões para R$ 571,5 bilhões.
De acordo com o pesquisador Thiago Almeida, da FJP, vale acrescentar que o pico de participação do VAB do turismo em nível estadual alcançado em 2019 é corroborado pela variação real dos índices de volume das diferentes atividades econômicas.
“Enquanto, em 2019, o volume de VAB recuou 3,6% na agropecuária e 6,8% na indústria, o volume setorial associado às atividades de serviços, no qual se enquadram os segmentos turísticos, evoluíram positivamente", destaca.
Serviços
De fato, o índice de volume do VAB associado à totalidade dos serviços expandiu 2,2% em 2019 na economia mineira. Apenas a administração pública apresentou retração no índice de volume do valor agregado nesse ano no Estado (-1,0%).
De acordo com as Contas Regionais, atividades turísticas, como os serviços prestados às famílias (artes, cultura, esporte, recreação etc) e os serviços de alojamento e alimentação apresentaram expansão no volume de valor adicionado em 2019 de, respectivamente, 5,5% e 5,2%.
“Os dados possibilitam compreender melhor o impacto econômico do turismo em Minas Gerais e a metodologia auxiliará no acompanhamento anual das informações. Além disso, permitem entender melhor o contexto dos setores econômicos nos municípios mineiros, auxiliando na elaboração de política públicas para o turismo”, explica a subsecretária.
Participação das atividades
Alimentação: Os serviços de alimentação fora do domicílio (bares, restaurantes, lanchonetes e similares) e os serviços de alimentação para eventos e recepções foram responsáveis por 45,6% do valor agregado pelas atividades turísticas no Estado em 2019.
Aluguéis (não imobiliários): Representaram 16,5% do total nesse período. Essa atividade inclui a locação de automóveis e outros meios de transporte sem condutor e os aluguéis dos equipamentos recreativos e esportivos utilizados pelos turistas.
Transporte terrestre: O transporte metroferroviário, rodoviário e serviços de táxi representou 13,3% do VAB turístico estadual em 2019.
Diversão: Os serviços prestados às famílias (que incluem as atividades artísticas, criativas e espetáculos) foram responsáveis por 5,9% do valor agregado pelo turismo em Minas Gerais em 2019.
Agências e eventos: Esse segmento, que inclui os operadores turísticos e os serviços de reserva, contribuíram em 4,7% do VAB do turismo de Minas Gerais em 2019.
Hospedagem: Esses serviços incluem hotéis, apart-hotéis, albergues, camping, pensões e similares representaram 4,5% do valor agregado associado ao turismo estadual no ano em questão.
Aéreo: No mesmo período, o segmento participou em 3,8% do VAB total turístico estadual. As atividades auxiliares do transporte em Minas, que incluem os terminais rodoviários e ferroviários e a operação dos aeroportos e campos de aterrissagem, foi de 3,0% em 2019.
Comércio: O segmento ninculado ao turismo, como artigos de viagem, bijuterias, artesanatos, obras de arte, pesca, camping e artigos esportivos, representou 2,6% do VAB turístico estadual.
Transporte aquaviário: Foi responsável por apenas 0,04% do valor agregado pelo turismo estadual em 2019, tendo em vista que essa atividade possui maior relevância em regiões litorâneas, o que não é o caso de Minas Gerais.
Participação dos municípios
1. Confins
Em função da classificação dos serviços de transporte aéreo de passageiros como atividade turística, o município de Confins é o que apresenta a maior representatividade diante da presença do aeroporto internacional Tancredo Neves em seu território.
2. Goianá
O mesmo motivo explica a participação elevada observada em Goianá, onde se localiza o aeroporto Presidente Itamar Franco, também conhecido como aeroporto regional da Zona da Mata.
3. Tiradentes
Tiradentes aparece na segunda colocação por ser um centro histórico de igrejas, monumentos e museus com a arte barroca, além da presença de restaurantes premiados e da ocorrência de festivais.
4. Sapucaí-Mirim
Sapucaí-Mirim aparece na quarta posição do ranking com a presença do NR Resort Sapucaí-Mirim (Nosso Recanto), complexo recreativo que recebe milhares de turistas e possui um dos maiores criatórios de trutas da América Latina.
5. Santana do Riacho
Em Santana do Riacho, o destaque fica por conta da Serra do Cipó, com a presença de picos, cachoeiras e paisagens deslumbrantes, além da estátua do Juquinha (um atrativo de visitação para os turistas).
Os dados e análise completa podem ser acessados no Informativo Valor Adicionado Bruto (VAB) do Turismo em Minas Gerais no Período 2010-2019, disponível no site da Fundação João Pinheiro.