Certa vez li que a artista plástica e escritora Mary Arantes é curiosa e amante do que há de bom em design, moda, arte e gastronomia. Os adjetivos fazem jus também à sua quermesse, evento que apresenta produtores e artistas e que já é consagrado em Belo Horizonte. A iniciativa foi criada por ela há 29 edições sob um olhar atento – que chamamos de curadoria. 


A mineira carrega pela sua estrada anos de dedicação e abre, sazonalmente, a porta de sua casa para receber de coração aberto quem chega por lá. Afinal, é com sorriso no rosto e olhos apertadinhos por trás do óculos de grau de armação grossa que Mary nos convida para entrar em sua casa localizada no bairro Serra, em BH.

 

Quermesse da Mary vai ser realizado até domingo (7). Foto: Flávio Tavares/O Tempo

 

Mas, agora, no próximo encontro, que acontece de hoje até domingo, Mary promove uma edição inédita totalmente dedicada ao bordado, técnica à mão em que Minas Gerais é referência. “Nosso Estado é, sem dúvida, um grande celeiro destes saberes e fazeres ancestrais. Haja visto que este é um grande diferencial da nossa roupa na área da moda. Minas Gerais é também referência em roupas de festa e bordadas”, avalia.


O sonho de fazer uma edição dedicada ao trabalho artesanal era antigo, afinal Mary é seguidora e fã de inúmeros bordados e bordadeiras, além de ser filha de pai alfaiate e mãe costureira. “Sempre estou à procura de algo diferenciado. Faz tempo que tenho percebido as mulheres, de idades diversas, voltadas para o bordado, seja como terapia, ocupação, diversão ou empreendedorismo. Por que não falar dele e de como isto começou? Da opressão feminina à total liberdade de expressão?”, reflete.


Para valorizar a técnica, que, de acordo com ela, é a caligrafia da alma, Mary irá transformar o endereço da quermesse em um ambiente batizado de “casa bordada”. Trata-se de uma “exposição de bordados em quadros e painéis, mostrados como arte têxtil”, disse. A mostra terá dois momentos, um expositivo e de cunho comercial. “Todos os trabalhos estarão à venda, somente os da mostra que serão entregues após o evento. Outros expositores participarão dessa quermesse com produtos da linha comercial, de pronta entrega”, explica.


A edição bordada da Quermesse da Mary foi pensada com bastante antecedência, uma vez que bordar é um ofício que requer tempo e planejamento. “É algo que se faz lentamente e, assim, as pessoas foram convidadas há bastante tempo para dar conta de trazer um acervo expressivo para mostra e venda nessa edição”, explicou.


Curadoria

O público vai poder conferir os trabalhos de 23 artistas de diferentes localidades mineiras, além dos trabalhos da argentina Ana Valentina e de Alan Vilar, vindo diretamente de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. 


Para isso, Mary não faria de forma diferente a não ser ir até a fonte, fazendo pequenas viagens a municípios como Lavras Novas, Ouro Preto, Barra Longa, Ouro Branco, Patrocínio, Oliveira, Morro do Ferro e Mariana. “Ver o artista no seu local de trabalho é mais que importante, é ali que mora a alma de quem faz. É ali que nascem ‘novos pontos’. Um bordado interrompido pode ser uma grande ideia a ser desenvolvida”, acredita.

Além da “casa bordada” que abriga os expositores durante os três dias de evento, o quintal do espaço será palco para talks – que ela prefere chamar de conversas fiadas – e oficinas de bordado com o Memorial do Bordado, o coletivo Pontos de Luta, a escola Artesania e a bordadeira e a artista Denise Paiva. 

 

Quermesse da Mary – Edição Bordada
Quando: De hoje a domingo (7)
Sexta e sábado, das 10h às 19h; domingo, das 10h às 17h
Onde: Rua Ivaí, 25, Serra
Como: Entrada Gratuita/ Evento Pet Friendly
Redes: @quermessedamary