O sérum Fortalecedor Wedrop para cílios e sobrancelhas da Wepink, marca da influenciadora Virginia Fonseca e da empresária Samara Pink, pode ter sido o responsável por causar queimaduras nos olhos Lidiane Herculano, consumidora que tem viralizado na internet ao dar relatos dos problemas sofridos após fazer o uso do produto. A mulher foi diagnosticada com queimadura nas córneas e chegou a ficar quatro dias sem enxergar.

No Tik Tok, Lidiane afirma que começou a sentir ardência nos olhos logo após aplicar o produto nos cílios, e quando acordou pela madrugada já estava com a visão embaçada. No dia seguinte, procurou um médico e recebeu a informação de que estava com queimadura nas córneas: 

“Os meus olhos ainda estão cicatrizando, os sintomas foram ardência e dor, que só diminuíam quando eu colocava compressa com água gelada. Eu não conseguia abrir os meus olhos por causa da dor... O que eu passei, só eu e a minha família sabemos. Eu fiquei quatro dias praticamente sem ver nada”, desabafou a vítima nas redes sociais.

Ao ser questionada se usou o produto adequadamente, seguindo as recomendações de uso da embalagem, Lidiane respondeu:

“Não tem nada dizendo que você não pode dormir com ele, então tudo que você entende de tratamento você passa de manhã e à noite. Não houve nenhum tipo de mau uso, eu passei somente no pelinho, esperei secar, fiz tudo como manda o figurino”, explicou.

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O produto ainda está disponível para compra no site da marca e é vendido por R$ 30,00. Entre os benefícios, a marca destaca que o sérum é capaz de fortalecer os fios, auxiliar no crescimento e amenizar a queda. A única recomendação de uso é esperar o produto secar completamente para passar maquiagem. 

“Aplique sobre os cílios e sobrancelhas diariamente até que fiquem levemente umedecidos, espere secar completamente para aplicar outros produtos ou maquiagem na região dos olhos”, diz o aviso.

Em entrevista ao portal O TEMPO, o oftalmologista Luiz Carlos Molinari alerta que produtos com ativos químicos, como o sérum da Wepink, não são indicados para uso próximo à região dos olhos. “Esse material aí, ele tem produtos químicos e a própria reação com o olho pode originar produtos tóxicos degradando da própria mistura. Se o consumidor colocar no olho e dormir, ele pode ter a noite toda ali para aquela 'droga' atuar em cima da córnea e realmente pode provocar lesões, é o que a gente chama de queimadura química” explica o médico.

O profissional também orienta que a região dos olhos é extremamente sensível e outros produtos como tinta de cabelo, protetor solar e até produtos usados na limpeza de pele podem causar danos na córnea. O ideal é sempre evitar o contato dos olhos com produtos químicos:

“Tem que tentar não deixar o produto escorrer e caso haja ardência, vermelhidão ou dor após o uso faça uma lavagem intensa com bastante líquido, se possível, soro fisiológico”, aconselha o profissional.

No site Reclame Aqui, outras consumidoras também reclamaram de reações ao usar o produto da Wepink. "Assim que usei o Wedrop nos meus cílios o produto me deu uma alergia. Parecia que tinha um ferro dentro dos meus olhos, doeu muito e um fiquei com um inchaço imenso. Tive que sair correndo para o Pronto Socorro e o oftalmologista me informou que o produto tinha afetado as minhas córneas quase 95%”, declarou uma consumidora há mais de um ano.

Alergias com cosméticos

Reações alérgicas após o uso incorreto de cosméticos são comuns, avalia outro médico oftalmologista, Tiago César Pereira. Segundo a Associação Brasileira de Dermatologia, 15% das consultas emergenciais relacionadas aos olhos estão ligadas diretamente ao uso incorreto ou a reações provocadas por cosméticos.

“É relativamente comum a ocorrência de irritações ou reações associadas ao uso de cosméticos, especialmente devido ao uso inadequado ou acidentalmente próximo à superfície ocular. Apesar de, na maioria dos casos, esses episódios serem reversíveis, recebemos pacientes com quadros alérgicos, irritativos e até infecciosos decorrentes do uso de maquiagens, cílios postiços, séruns e outros produtos. Tais ocorrências são geralmente controláveis com cuidados preventivos, como se ater a utilizar na região dos olhos apenas produtos recomendados por oftalmologista de confiança” afirma.

O profissional também sobre a forma segura de utilizar esses produtos: “É possível desde que o consumidor utilize produtos oftalmologicamente testados, com orientação do oftalmologista, e respeite integralmente as orientações do fabricante e do médico oftalmologista de sua confiança para o uso. Uma consulta prévia com oftalmologista é recomendável para pessoas que apresentam histórico de sensibilidade ou doenças oculares prévias, garantindo assim um uso seguro”, finaliza Tiago César.

O portal O TEMPO entrou em contato com a assessoria de imprensa e com o jurídico da marca Wepink e aguarda retorno.