O Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos Estados Unidos (NTSB) concluiu que falhas de engenharia e danos estruturais não detectados provocaram a implosão do submersível Titan, da empresa OceanGate, em junho de 2023. O acidente, ocorrido durante uma expedição aos destroços do Titanic, matou cinco pessoas, incluindo o dono da cápsula. O relatório final da investigação foi divulgado nesta quinta-feira (16/10), mais de dois anos após o incidente.
Segundo o documento, a estrutura de fibra de carbono do Titan apresentava “danos de delaminação” causados por mergulhos anteriores. Esses problemas não foram identificados porque o sistema de monitoramento da empresa era “falho”. A análise indica que a deterioração progressiva levou a uma falha de flambagem local, responsável pela implosão.
Avaliado em cerca de £ 3,1 milhões (21 milhões e meio de reais), o submersível implodiu em 18 de junho de 2023, a aproximadamente 600 km náuticos a sudeste de St. John’s, no Canadá. Todos os ocupantes morreram instantaneamente, entre eles o CEO da OceanGate, Stockton Rush, o empresário Shahzada Dawood, seu filho Suleman, o aventureiro britânico Hamish Harding e o ex-mergulhador da Marinha Francesa Paul-Henry Nargeolet, conhecido como “Sr. Titanic”.
A investigação apontou que o projeto e os testes do Titan não atenderam aos requisitos mínimos de resistência e durabilidade, e que fatores operacionais, como condições inadequadas de armazenamento e reboque, contribuíram para o enfraquecimento do casco.
O NTSB também criticou lacunas nas regulamentações nacionais e internacionais para embarcações de grande profundidade e recomendou que a Guarda Costeira dos EUA desenvolva novas normas de segurança e pressione por padrões globais obrigatórios junto à Organização Marítima Internacional.
O relatório revelou ainda que a OceanGate não notificou autoridades de resgate sobre a expedição, o que dificultou a localização dos destroços. Mesmo assim, o NTSB elogiou a operação de busca conduzida pela Guarda Costeira americana, que classificou como “eficaz”. Segundo os investigadores, o cumprimento dos protocolos de emergência poderia ter acelerado o processo, “economizando tempo e recursos, ainda que sem chance de sobreviventes”.
Além das falhas técnicas, o NTSB destacou problemas na cultura organizacional da empresa. O relatório cita o episódio em que um ex-técnico questionou a decisão da OceanGate de chamar passageiros pagantes de “especialistas de missão”. Em resposta, Rush teria dito que, caso a Guarda Costeira se tornasse um obstáculo, ele “compraria um congressista e faria o problema desaparecer”.
A tragédia ganhou repercussão mundial e inspirou produções sobre o caso, incluindo um documentário lançado pela Netflix em 2025.