A cidade de Nova York escolhe nesta terça-feira (4) seu novo prefeito, com o esquerdista muçulmano Zohran Mamdani como favorito na disputa local mais acompanhada deste dia nos Estados Unidos, que se tornou um teste eleitoral crucial para o presidente Donald Trump.

Mamdani, um legislador estadual de 34 anos, domina as manchetes e as intenções de votos na ‘Big Apple’. Trump o chama de “comunista” e ameaça bloquear recursos federais para a cidade em caso de vitória do democrata.

"Qualquer judeu que vote em Zohran Mamdani (...) é um idiota!", escreveu o presidente republicano nesta terça em sua plataforma Truth Social, após afirmar que Mamdani "odeia os judeus".

Frequentemente atacado por suas declarações muito duras em relação à política israelense, Mamdani sugeriu, no entanto, uma postura muito firme contra o antissemitismo durante sua campanha.

Nascido em Uganda em uma família de origem indiana e naturalizado americano, Mamdani se descreveu sem rodeios como socialista e fez campanha com a promessa de reduzir os custos de vida para os novos-iorquinos comuns.

"Estamos prestes a fazer história (...) e dizer adeus à política do passado", declarou Mamdani após votar em Queens acompanhado de sua esposa, a ilustradora Rama Duwaji.

As pesquisas dão vantagem ao vencedor das primárias democratas de junho. Na última sondagem da AtlasIntel, liderou os interesses de voto por sete pontos, com 41%.

Seu principal adversário é Andrew Cuomo, ex-governador do estado de 67 anos. Cuomo, que se apresenta como independente após perder as primárias, recebeu um claro apoio de Trump.

Em terceiro lugar nas pesquisas está o republicano Curtis Sliwa, de 71 anos, fundador do grupo de vigilância anticrime ‘Anjos da Guarda’. Sliwa se decidiu a retirar-se em favor de Cuomo, que tem posturas semelhantes às suas.

"Confronto político"

“Realmente espero que a cidade melhore”, disse a fisioterapeuta Denise Gibbs, de 46 anos, após votar em uma escola do Brooklyn. “Quero ver uma diminuição da divisão e uma melhoria nas condições de vida das famílias da classe trabalhadora e nos serviços para as crianças”, acrescentou.

Quase 1,2 milhão de novos-iorquinos foram votados ao meio-dia, um número quase igual à participação total nas últimas eleições para prefeito em 2021, quando Eric Adams venceu. O atual prefeito abandonou sua campanha de reeleição em meio a escândalos e acusações de corrupção e apoiou Cuomo.

“Há uma esquerda radical extrema, liderada pelos socialistas, que desafia o que eles chamariam de democratas moderados. Eu sou um democrata moderado”, declarou Cuomo após votar.

As urnas serão fechadas às 21h locais (23h no horário de Brasília).

A disputa eleitoral se concentrou no crescente custo de vida em Nova York, na criminalidade e em como cada candidato poderá conviver com Trump.

Grant Reeher, professor de Ciências Políticas da Universidade de Syracuse, afirma que uma vitória de Mamdani estabeleceria um "confronto" com o presidente.

“Trump tratará a cidade de Nova York de maneira mais agressiva”, disse. "Terá algum tipo de confronto político."

Nova Jersey e Virgínia

Embora Mamdani tenha monopolizado os holofotes, as eleições para governador em Nova Jersey e na Virgínia também podem ser indicadores do clima político americano, quase dez meses após o retorno de Trump à Casa Branca.

As vitórias democráticas nesses estados podem indicar uma oposição revitalizada para as eleições de meio de mandato do próximo ano, que decidirão o controle do Congresso.

Em Nova Jersey, concorreram o empresário republicano Jack Ciattarelli e o democrata moderado Mikie Sherrill. O estado foi considerado um bastião democrata na última década, mas nas últimas eleições presidenciais Trump fez significativamente a diferença.

Enquanto isso, Virgínia elegerá sua primeira governadora. As pesquisas mostram a democrata Abigail Spanberger com uma pequena vantagem sobre a republicana Winsome Earle-Sears. Também aqui, a margem e a participação eleitoral serão objeto de acompanhamento minucioso.

Na outra ponta do país, os californianos votaram sobre se autorizassem uma redistribuição de distritos que favorecessem o Partido Democrata, em resposta a uma iniciativa semelhante impulsionada por Trump no Texas.