A enfermeira Lucy Letby, 34 anos, cumpre atualmente 15 penas de prisão perpétua após ser considerada culpada pelo assassinato de sete bebês e pela tentativa de homicídio de outros sete no Hospital Countess of Chester, no Reino Unido.

Nesta segunda-feira (4), um grupo de 14 neonatologistas declarou, em uma entrevista coletiva em Londres, que não encontrou "nenhuma evidência de assassinato" após revisar as provas utilizadas no julgamento. O painel, presidido pelo ex-ministro conservador Sir David Davis, contesta a condenação e pede um novo julgamento.

Pedido de revisão e possíveis erros judiciais

Antes da audiência, os advogados de Letby apresentaram uma petição à Comissão Independente de Revisão de Casos Criminais (CCRC), alegando erro judiciário. O órgão agora analisará se o caso deve ser encaminhado ao Tribunal de Apelação, que tem o poder de anular a condenação.

Sir David Davis afirmou que o painel tem como objetivo “corrigir o que considero uma das maiores injustiças dos tempos modernos”.

Entre os especialistas presentes estava o Dr. Shoo Lee, renomado neonatologista e coautor de um estudo de 1989 sobre embolia gasosa em bebês — tese usada como base para a acusação contra Letby. No entanto, Lee alegou que seu estudo foi "deturpado" durante o julgamento e que suas descobertas foram recentemente atualizadas, sem qualquer evidência de descoloração da pele causada por embolia gasosa.

Conclusões do painel: mortes podem ter sido causadas por erros médicos

Durante a coletiva, os especialistas concluíram que não há evidências médicas que comprovem má conduta intencional de Letby. Segundo o Dr. Lee, as mortes e ferimentos dos bebês foram causados por complicações naturais ou erros médicos.

"Não havia nenhuma evidência médica para apoiar a tese de assassinato. A morte ou os ferimentos das crianças foram resultado de causas naturais ou falhas no atendimento hospitalar", declarou Lee.

Um dos bebês, segundo o painel, morreu devido a trombose, e não a embolia gasosa, como argumentado pela acusação. Já outro recém-nascido teria sofrido complicações respiratórias por falha no atendimento médico.

Além disso, o Dr. Lee afirmou que não há provas de que Letby tenha desalojado os tubos de respiração dos bebês, como alegado no julgamento. Ele atribuiu a deterioração de um dos recém-nascidos ao uso de um tubo de tamanho inadequado.

Caso pode retornar ao Tribunal de Apelação

O advogado de Letby, Mark McDonald, classificou as novas evidências como “revolucionárias” e afirmou que levará o caso ao Tribunal de Apelação "até o verão".

A enfermeira já teve duas tentativas de apelação negadas, mas a nova análise pode mudar o rumo do processo.

(Com informações de 'The Sun')