Você provavelmente aprendeu na escola que, durante a mitose, uma célula-mãe se torna esférica antes de se dividir em duas células-filhas simétricas. No entanto, uma nova pesquisa publicada na revista Science está desafiando esse conceito que perdura há mais de um século.
Divisão celular nem sempre gera células idênticas
Cientistas da Universidade de Manchester observaram que algumas células não passam pela “arredondamento” típico antes de se dividir, o que resulta em células-filhas com tamanhos e funções diferentes.
Durante o estudo, os pesquisadores analisaram a formação de vasos sanguíneos em embriões de peixe-zebra. Quando a célula líder se dividiu, ela não se tornou esférica. Isso gerou uma célula lenta e outra rápida, assumindo funções distintas no crescimento do vaso.
Forma da célula influencia o tipo de divisão
Os cientistas constataram que células curtas e largas tendem a se tornar esféricas e se dividir simetricamente. Já as alongadas e estreitas mantêm a forma original e se dividem de forma assimétrica.
Utilizando micropadronização, técnica que manipula a forma da célula antes da divisão, os pesquisadores testaram como o formato influencia o resultado da mitose. A forma da célula antes da divisão pode definir se ela vai gerar células-filhas iguais ou diferentes — tanto em tamanho quanto em função.
Implicações para o estudo do câncer e desenvolvimento de tecidos
Essa descoberta pode mudar o entendimento sobre como tecidos e órgãos se formam e como células cancerígenas se comportam. Se for possível controlar a forma da célula, pode-se induzir a formação de tipos celulares com funções específicas.
Segundo Shane Herbert, coautor do estudo: “Nossa pesquisa sugere que o formato da célula antes da divisão pode determinar se haverá simetria, afetando tamanho e função das filhas”.
Em breve, livros de biologia podem precisar de atualizações — e estudantes, professores e escolas devem se preparar para repensar um dos pilares da biologia celular.
Fonte: Gizmodo