Apesar de já ter recebido a visita dos papas Francisco, em 2013, e João Paulo II, em três oportunidades, o Brasil nunca teve um pontífice à frente da igreja católica. No Conclave, iniciado nesta quarta-feira (7), para substituir o sacerdote argentino que faleceu em 21 de abril, cardeais brasileiros têm chance de deixar a capela sistina carregando a missão de conduzir os mais de 1 bilhão de fiéis que seguem o catolicismo no mundo.
As possibilidades de brasileiros tornarem-se papa têm sido aventadas pela imprensa italiana e agências internacionais. Os nomes mais comentados são de dom Sérgio da Rocha, arcebispo de Salvador, dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, e dom Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus.
De acordo com o doutor em Ciências Sociais e especialista em Vaticano, Filipe Domingues, a probabilidade de um papa brasileiro ser eleito é baixa. “Acho difícil outro latino-americano neste momento, diante dos nomes que a gente tem. Mas o Conclave sempre pode nos surpreender”, opinou ele, também diretor do Lay Centre em Roma.
Domingues exemplificou que no caso de dom Sérgio da Rocha, por exemplo, houve uma proximidade grande com o papa Francisco, em função da participação no Conselho de Cardeais, o C9, que auxilia o pontífice na gestão da igreja. “Mas ele é muito discreto, contido. Ninguém sabe muito bem qual o pensamento dele sobre as coisas. E numa eleição que precisa de dois terços de votos, ele precisaria de alguém que faria uma espécie de campanha, para mostrar como ele pensa sobre os temas do mundo e a capacidade de gestão”, ilustrou o vaticanista.
No caso de dom Odilo, Domingues citou que há uma incógnita sobre o apoio que o cardeal poderia ter para ser eleito. “Eu não sei até que ponto, por exemplo, os próprios cardeais brasileiros que estão ali apoiariam essa candidatura. Também não sei até que ponto a igreja na América Latina reverbera o nome dele”, completou.
A citação mais recente ao arcebispo de Manaus, dom Leonardo Steiner, foi feita pela agência Reuters, que credita a possibilidade devido ao trabalho realizado pelo sacerdote na região amazônica, dentro do preconizado por Francisco.