Robert Francis Prevost, 69 anos, eleito papa e que adotou o nome Leão XIV, declarou ser "filho de Santo Agostinho" em seu primeiro pronunciamento. O pontífice fez o discurso nesta quinta-feira (8) na sacada da Sala da Benção da Basílica de São Pedro, no Vaticano. Prevost é o primeiro membro da Ordem de Santo Agostinho a ocupar o papado.

O novo líder da Igreja Católica nasceu em Chicago e ingressou na Ordem de Santo Agostinho em 1977. Cinco anos depois, em 1982, recebeu ordenação sacerdotal, mantendo quase cinco décadas de ligação com o legado agostiniano.

Santo Agostinho, nascido em 354 na cidade de Tagaste, atual território da Argélia, é considerado um dos mais importantes teólogos e filósofos do cristianismo. Durante sua juventude, era "pagão", principalmente por influência paterna, enquanto sua mãe, Monica, era cristã devota.

A conversão de Agostinho aconteceu por volta dos 30 anos, quando começou a frequentar os sermões do Bispo Ambrósio, inicialmente atraído apenas por sua oratória. O momento decisivo ocorreu durante um período de angústia, quando teria recebido uma instrução espiritual: "Pegue e leia!".

Após este episódio, Agostinho e seu filho Adeodato, com quem mantinha forte vínculo, foram batizados. Posteriormente, ele fundou uma ordem religiosa e tornou-se Bispo de Hipona, cargo que ocupou até sua morte em 430.

O pensamento de Santo Agostinho abordou temas como o tempo, o bem e o mal. Para ele, Deus representa o bem supremo, enquanto o mal seria um afastamento da luz divina. Sua obra também explora o conceito de livre-arbítrio como explicação para a existência do mal em um mundo criado por um Deus bom.

A tradição católica preserva uma oração dedicada a Santo Agostinho: "Ó excelso doutor da graça, Santo Agostinho. Tu que contaste as maravilhas do amor misericordioso operado em tua alma, ajuda-nos a confiar sempre e unicamente na ajuda divina. Ajuda-nos, ó grande Santo Agostinho, a encontrar a Deus eterna verdade. Verdadeira caridade, desejada eternidade'. Ensina-nos a crer e viver na graça, superando nossos erros e angústias. Acompanha-nos à vida eterna, para amar e louvar incessantemente ao Senhor. Amém."

As contribuições de Santo Agostinho permanecem relevantes nos debates teológicos e filosóficos atuais, especialmente em questões sobre a natureza do tempo, a origem do mal e o papel do livre-arbítrio na condição humana.