A brasileira Rozita Grinsztejn, 36, acordou na manhã desta quinta-feira (19) com uma notificação em seu celular. O texto dizia que a área onde ela vive em Israel seria atacada por mísseis do Irã em alguns minutos. Enquanto as sirenes de alerta soavam, ela e outras quatro brasileiras que estavam no mesmo apartamento correram para um quarto de segurança, conhecido como Mamad ("mamãe", em português) e ficaram trancadas por cerca de 30 minutos.

Prédio vizinho foi atingido por míssil e ondas de choque da explosão destruíram parte do apartamento da brasileira. Rozita, que é especialista em pagamentos e mora em Israel desde 2021, e as brasileiras que estavam com ela conseguiram sobreviver sem se machucar. Apesar de estar fisicamente bem, ela contou ao UOL que está emocionalmente exausta desde o início do conflito com o Irã, no dia 13 de junho.

Brasileiras saíram do quarto antibombas quando receberam um novo alerta do governo. "Enquanto a gente estava lá, vimos um clarão e uma explosão ensurdecedora. Sentimos o prédio vibrar e ouvimos sons de metal", lembra Rozita, que mora em Ramat Gan, cidade próxima a Tel Aviv.

Ela precisou deixar o prédio onde vivia porque a estrutura será periciada. A sala dela estava coberta de vidro e as paredes tinham rachaduras. "Ligamos para polícia e bombeiros e fomos informadas que eles já estavam no local, o míssil caiu no prédio vizinho ao nosso", disse. Ainda em choque, Rozita começou a juntar seus documentos, itens importantes e medicamentos. "Fomos informadas que o prédio seria evacuado e teríamos um tempo para preparar as malas".

Apesar do susto, ela disse que não pensa em deixar Israel e que se sente segura no país. "O governo realmente prepara sistema para a proteção da população. Recebemos notificações com antecedência de 30 ou 15 minutos minutos antes de as sirenes tocarem, informações sobre onde e como se proteger", diz.

"Assim que saímos do prédio recebemos todas as orientações de para onde prosseguir, uma escola próxima onde foram coletados nossos dados e recebemos o endereço de onde seríamos realocadas, tudo muito organizado. Havia comida, água, café e suporte para todos. Eram crianças, famílias com recém-nascidos, idosos, jovens e pessoas com animais de estimação. Tem sido dias muito difíceis, mísseis e alertas intensos, noites e dias em claro, estamos esgotadas emocionalmente e fisicamente", disse Rozita Grinsztejn.

Irã atacou hospital em Israel

Mísseis iranianos também atingiram nesta quinta-feira (19) o principal hospital do sul de Israel e outros locais, incluindo a capital Tel Aviv. Ataque deixou ao menos 47 feridos em todo o país. A ofensiva acontece após o governo de Benjamin Netanyahu anunciar que atingiu instalações nucleares no país persa.

Irã diz ter mirado centro de inteligência israelense "perto de um hospital". "Nessa operação, o centro de comando e inteligência do governo israelense foi o alvo de um ataque preciso perto de um hospital", disse a Guarda Revolucionária iraniana à agência de notícias estatal Irna.

Durante a noite, Israel afirmou que atingiu um reator nuclear no Irã inativo. O país fez ataques mirando instalações nucleares nas cidades de Natanz e Arak. Em comunicado, o exército israelense detalhou que o reator nuclear de Arak era "componente chave na produção de plutônio", que poderia ser usado para construção de armas nucleares. O reator já havia sido modificado para evitar o uso em 2015, quando houve o acordo nuclear com os Estados Unidos.

Irã confirmou o ataque e disse que não há relatos de ameaça de radiação. Segundo o país, os dois projéteis atingiram uma área próxima à instalação nuclear, que já havia sido evacuada.

Entenda o conflito

Israel e Irã estão em conflito desde sexta-feira (13). Israel bombardeou Teerã, capital do Irã, e anunciou ataques a dezenas de instalações de mísseis no oeste do país alegando que queria "prevenir um holocausto nuclear". Israel, porém, é o único país que possui bombas nucleares no Oriente Médio.

Já são 585 mortes de iranianos e 24 israelenses. No Irã, os números incluem os comandantes da Guarda Revolucionária e do Estado-Maior do Exército, além de nove cientistas do programa nuclear. Os dados são da ONG americana Human Rights Activists.
Durante o ataque desta quarta-feira (18), o Irã afirmou ter usado um míssil novo. A informação, segundo a agência de notícias Fars, foi passada por um porta-voz do Ministério da Defesa.

Israel também fez novos ataques ao Irã. Segundo o exército, foram atingidas "dezenas de infraestruturas de armazenamento e lançamento de mísseis terra-terra", assim como lançadores de mísseis terra-ar e depósitos de drones no oeste do Irã.

Estados Unidos mobilizaram caças e porta-aviões para o Oriente Médio. O envio do material bélico aconteceu no dia em que Donald Trump pediu a rendição incondicional de Khamenei e afirmou que sabia o paradeiro dele.