A Tailândia implementou restrições que impedem turistas e viajantes de cruzarem a fronteira com o Camboja. A medida entrou em vigor nessa segunda-feira (23 de junho), em meio a tensões diplomáticas entre os dois países vizinhos do Sudeste Asiático. O exército tailandês justificou as novas restrições afirmando que elas "correspondiam à atual situação de segurança".

A proibição afeta qualquer veículo ou pessoa que tente atravessar para o Camboja a partir de postos de controle em diversas províncias tailandesas. As restrições se estendem também aos turistas estrangeiros que pretendam voar da Tailândia para Siem Reap, popular destino turístico cambojano.

Medidas adicionais e escalada de tensões

A primeira-ministra tailandesa, Paetongtarn Shinawatra, anunciou que seu governo suspenderá serviços de internet utilizados por agências de segurança cambojanas. Esta ação integra esforços para combater operações ilegais de fraude baseadas no Camboja, segundo o governo tailandês.

As tensões entre os dois países aumentaram após confrontos armados em maio deste ano na região fronteiriça, que resultaram na morte de um soldado cambojano. Desde então, ambas as nações têm implementado medidas punitivas recíprocas.

O Camboja já havia imposto restrições às importações provenientes da Tailândia, incluindo frutas, vegetais, eletricidade e serviços de internet. A proibição cambojana inclui também produtos culturais, como dramas e filmes tailandeses.

As autoridades tailandesas informaram que poderão conceder exceções à proibição de viagens por razões humanitárias, como para estudantes ou pacientes médicos. A avaliação de cada caso ficará a critério dos funcionários nos postos de controle.

A crise atual também tem dimensão política interna na Tailândia. O governo de Paetongtarn Shinawatra enfrenta dificuldades após o vazamento de uma ligação telefônica entre a primeira-ministra e Hun Sen, ex-líder do Camboja. Na conversa, Paetongtarn chamou Hun Sen de "tio" e sugeriu que ele ignorasse um comandante militar tailandês que "só queria parecer legal".

Quando questionada sobre seu comportamento durante a ligação, a primeira-ministra tailandesa defendeu sua postura como uma "técnica de negociação". Um importante parceiro de coalizão do partido Pheu Thai, liderado por Paetongtarn, abandonou a aliança governamental após o incidente.

As disputas territoriais entre Tailândia e Camboja têm raízes históricas que remontam a mais de um século, quando as fronteiras foram estabelecidas após a ocupação francesa do Camboja.

A Tailândia, inclusive, já implementou restrições semelhantes contra Myanmar, outro país fronteiriço. Segundo o governo tailandês, o local abriga redes de fraude que têm atraído e explorado milhares de estrangeiros.