O governo indiano anunciou, nesta quinta-feira (26/06), que os investigadores recuperaram os dados das caixas-pretas do Boeing 787 Dreamliner da Air India que caiu em Ahmedabad em 12 de junho, matando 260 pessoas.
Investigadores iniciaram o processo de extração de dados das gravações de voz da cabine e do gravador de dados de voo. "A análise está em andamento. Esses esforços têm como objetivo reconstruir a sequência de eventos que levaram ao acidente e identificar os fatores que contribuíram para isso, a fim de melhorar a segurança aérea e evitar futuros incidentes", disse o Ministério da Aviação Civil do país em um comunicado.
As caixas-pretas do avião foram recuperadas nos dias seguintes ao acidente. Uma estava no telhado de um prédio no local do acidente e foi encontrada em 13 de junho. A outra, em meio aos destroços, foi achada em 16 de junho.
Os componentes chegaram anteontem ao Gabinete de Investigação de Acidentes Aéreos, em Nova Délhi. Eles armazenavam o gravador de voz da cabine de comando e o gravador de dados de voo. Os investigadores também recuperaram mais de cem celulares com o objetivo de extrair quaisquer gravações que "possam fornecer pistas sobre os momentos finais do voo", afirmou o comissário de polícia de Ahmedabad, GS Malik, na semana passada.
O avião está sendo reconstruído como parte da investigação. Segundo o comissário, o objetivo é "detectar possíveis falhas mecânicas, problemas estruturais ou sinais de explosões".
Acidente aéreo acendeu alerta na aviação da Índia
O órgão regulador da aviação da Índia relatou vários casos de reaparecimento de defeitos em aeronaves nos aeroportos de Mumbai e Délhi. A agência de notícias Reuters noticiou que a Air India, que passou a ser submetida a um exame minucioso desde o acidente, foi advertida por permitir que algumas aeronaves voassem apesar de as verificações dos equipamentos de emergência estarem atrasadas.
A companhia aérea também foi advertida por violações relacionadas à programação e à supervisão das tarefas dos pilotos. A Air India afirmou que havia implementado as instruções da autoridade e que estava comprometida em garantir a adesão aos protocolos de segurança. Ela também disse que estava acelerando a verificação dos registros de manutenção e que concluiria o processo nos próximos dias.
Na sexta-feira, o órgão regulador ordenou a demissão de três funcionários da Air India. De acordo com a diretiva do órgão, as evidências fornecidas por iniciativa da companhia aérea "destacam falhas sistêmicas na programação da tripulação, no monitoramento de conformidade e na responsabilização interna" e acusam os funcionários de estarem "implicados em falhas graves e repetidas". As instruções não especificam se a solicitação está relacionada à queda do voo em 12 de junho. A empresa confirmou que atendeu à solicitação.
O acidente aconteceu em 12 de junho. O Boeing 787 Dreamliner, que fazia o voo 171 da Air India, saiu de Ahmedabad às 13h38 (horário local; 05h08 em Brasília) e ia para Londres, mas caiu poucos minutos após decolar. 260 pessoas morreram no acidente. Destes, 241 estavam dentro do avião e 19 morreram em solo. Apenas um dos passageiros, o britânico Vishwash Kumar Ramesh, 40, sobreviveu.
Pedido de ajuda foi feito antes do acidente. Segundo a BBC, um chamado de "mayday", que funciona como um código de emergência, foi emitido para a torre de controle do aeroporto pouco após a decolagem, mas nenhuma outra comunicação foi feita pela aeronave depois disso.