Congressistas republicanos aprovaram na madrugada desta sexta-feira (18) o plano de Donald Trump para cancelar US$ 9 bilhões (R$ 50 bilhões) em financiamentos destinados à ajuda externa e para emissoras públicas de comunicação, parte do plano de cortes do presidente no orçamento federal.

A quantia é apenas uma fração dos cortes de US$ 1 trilhão por ano que o empresário Elon Musk, ex-conselheiro de Trump, prometeu enquanto liderava o Departamento de Eficiência Governamental (Doge). Musk deixou o governo em maio.

Os republicanos, que recentemente aprovaram uma lei orçamentária que prevê adicionar mais de US$ 3 trilhões à dívida americana, afirmaram que, com a votação, estavam cumprindo a promessa de Trump de controlar os gastos.

"O presidente Trump e os republicanos da Câmara prometeram responsabilidade fiscal e eficiência governamental", afirmou o presidente da Câmara de Representantes, Mike Johnson, em um comunicado. "Hoje, mais uma vez, estamos cumprindo a promessa", acrescentou.

A maior parte dos cortes é direcionada a programas para países afetados por doenças, guerras e desastres naturais, mas a medida também elimina US$ 1,1 bilhão destinados à mídia pública nos próximos dois anos.

Em paralelo ao anúncio, o ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados) anunciou que até 11,6 milhões de refugiados correm o risco de perder o acesso à assistência humanitária devido aos cortes na ajuda externa por parte de países doadores.

A crise de financiamento decorre de grandes cancelamentos por países como Suécia, França e Japão, mas são agravados principalmente pelos cortes dos EUA.

"Nossa situação financeira é dramática. Tememos que até 11,6 milhões de refugiados e pessoas forçadas a fugir estejam perdendo o acesso à assistência humanitária fornecida pelo ACNUR", disse Dominique Hyde, diretora de relações externas do órgão. Apenas 23% da necessidade de financiamento de US$ 10,6 bilhões foi cumprida até agora neste ano, afirmou.

A agência afirmou ter de interromper ou suspender cerca de US$ 1,4 bilhão em programas de ajuda, incluindo uma redução de 60% em suprimentos de emergência em países como Sudão, Chade e Afeganistão.

"As atividades de proteção foram reduzidas em mais de 50%, prejudicando programas de empoderamento feminino, saúde mental e resposta à violência de gênero.", disse Hyde. Globalmente, a agência já reduziu seu quadro de funcionários em 30%, cortando 3.500 cargos.