Um brasileiro identificado apenas como Antonio sofreu espancamento e tentativa de enforcamento mecânico por agentes do Departamento de Correções da Flórida (FDC) no Centro de Detenção de Krome, em Miami. A denúncia consta em relatório da Human Rights Watch (HRW) divulgado nesta segunda-feira (21).
O incidente ocorreu em janeiro deste ano, após o detento se envolver em uma briga com outros presos no refeitório da unidade. Segundo o documento, Antonio relatou a um amigo próximo que, durante a agressão, mordeu um agente em autodefesa quando este tentou esganá-lo. Em resposta, outro funcionário puxou seu braço com força, causando-lhe uma contusão grave.
Após as agressões, o brasileiro solicitou uma tipoia para o braço machucado, mas teve o pedido negado. O detento recebeu apenas analgésicos básicos e um anti-histamínico como tratamento.
O relatório da HRW indica que, em abril, Antonio sofreu novas lesões, desta vez nos joelhos, durante o horário de recreação em Krome. Mesmo apresentando sinais evidentes de inchaço e infecção, ele não recebeu atendimento médico imediato. A situação se agravou a ponto de o brasileiro precisar utilizar cadeira de rodas para se locomover, mas ainda assim teve negado seu pedido de transferência para um beliche inferior na cela.
A saúde de Antonio deteriorou-se nas semanas seguintes, resultando em hospitalização. Durante o atendimento, os médicos drenaram líquido de ambos os joelhos. Segundo os profissionais de saúde citados no relatório, qualquer atraso adicional no tratamento poderia ter resultado na amputação dos membros inferiores do detento.
O relatório da organização de direitos humanos também descreve outros episódios de maus-tratos no mesmo centro de detenção. Em meados de abril, durante uma transferência, os detentos Chauhan, do Reino Unido, e Pedro, da Guatemala, relataram que foram colocados com dezenas de outros homens em uma única cela, onde permaneceram por horas com os pés algemados e as mãos presas às costas.
Os detentos informaram que, nesse dia, o almoço foi servido apenas por volta das 19h e eles foram obrigados a se alimentar de forma degradante. "Estávamos acorrentados, então não conseguíamos alcançar os pratos com as mãos. Tínhamos que colocar os pratos em cadeiras e então nos abaixar e comer com a boca, como cães", descreveu o detento guatemalteco Pedro à HRW.