O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, voltaram nessa segunda-feira (7/7) a falar em expulsar os palestinos da Faixa de Gaza, onde vivem há gerações, ao discutir o futuro do território.
"Estamos trabalhando com os EUA para encontrar países dispostos a concretizar o que sempre dizem: que querem dar aos palestinos um futuro melhor", disse Netanyahu, que visita seu principal aliado internacional num momento em que está sob pressão para negociar um cessar-fogo na guerra.
Trump concordou com o plano que, se executado, configuraria limpeza étnica. "Temos tido grande cooperação com os países vizinhos", afirmou o republicano.
"O presidente quer que eles tenham escolha, opção. Se quiserem deixar Gaza, que possam", tentou ponderar Netanyahu. Desde o início do conflito, quase 60 mil palestinos foram mortos em bombardeios israelenses, e o território vive uma crise humanitária que deixa a população à beira da fome.
Mais cedo, a porta-voz da Casa Branca Karoline Leavitt também havia tentado moderar as falas de Trump, dizendo que ele "nunca falou em tomar Gaza" -algo que o republicano disse em outra visita de Netanyahu aos EUA, em fevereiro.
Questionado pela imprensa sobre a solução de dois Estados para o conflito entre Israel e Palestina, que é, por enquanto, o objetivo oficial dos EUA na região, Trump disse: "Não sei. Pergunte para Netanyahu".
Aproveitando a oportunidade, o premiê israelense repetiu argumentos que costuma utilizar contra a proposta. "Um Estado palestino seria apenas uma plataforma para destruir Israel", afirmou, acrescentando: "Os palestinos tinham um Estado em Gaza: o Estado do Hamas. E veja o que fizeram com ele. Não construíram para cima, construíram para baixo, fizeram os túneis que utilizaram para matar nosso povo no 7 de Outubro".
Durante a conversa com a imprensa, que aconteceu quando os líderes estavam sentados esperando o jantar ser servido na Casa Branca, Trump falou principalmente sobre o ataque sem precedentes que autorizou contra o Irã.
O presidente elogiou a Força Aérea dos EUA, que bombardeou instalações nucleares do regime iraniano, e disse que espera não ser necessário atacar novamente, ao mesmo tempo em que afirmou estar disposto a negociar com Teerã.
Aliado ferrenho de Trump, Netanyahu disse ainda ter indicado o nome do republicano para receber o Prêmio Nobel da Paz. O líder israelense entregou ao americano uma carta com a indicação que ele disse ter enviado também à organização prêmio, sediado na Noruega.
Trump ainda afirmou que enviará recursos à Ucrânia, que, segundo ele, está sob forte ataque. "Vamos enviar mais armas. Eles precisam ser capazes de se defender," disse o presidente, dando mais um sinal contraditório -no último dia 2, Trump havia suspendido o envio de armas consideradas vitais para a Ucrânia combater a invasão russa, incluindo mísseis antiaéreos do sistema Patriot e munição de precisão guiada, sob o argumento de que os estoques americanos estavam acabando.
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rump disse que as negociações para um cessar-fogo em Gaza estão avançando. Na sexta-feira (4), o Hamas anunciou ter concordado com a proposta de cessar-fogo mais recente apresentada pelos EUA, e os dois lados negociaram no domingo (6) no Qatar. Antes de embarcar para Washington, também no domingo, Netanyahu deixou claro que não aceitará um cessar-fogo que permita que o Hamas permaneça na Faixa de Gaza -novo sinal de que há, então, pouco a negociar.
Em meio à catástrofe humanitária, o premiê continua a dizer que os objetivos da guerra são recuperar os reféns, dos quais 50 ainda estão em Gaza (28 deles estariam mortos, segundo estimativa de Israel), e destruir por completo o Hamas -um desdobramento que só pode ser alcançado militarmente, enfraquecendo as esperanças por um cessar-fogo duradouro.
Ao mesmo tempo, o primeiro-ministro já disse que seu país controlará militarmente a Faixa de Gaza ao final do conflito -uma declaração que causa desconforto aos aliados europeus de Israel, júbilo entre a extrema direita que sustenta Netanyahu no poder, e indiferença em Washington.