A COP30, que será realizada em novembro na cidade de Belém, capital do Pará, pode ser "a mais excludente da história" devido aos altos preços das hospedagens, alertou nesta terça-feira (12) o Observatório do Clima, uma rede de organizações ambientalistas.

Países em desenvolvimento, bem como alguns Estados africanos e insulares, solicitaram ao Brasil que mude o local da conferência anual das Nações Unidas sobre o aquecimento global para uma cidade com maior capacidade hoteleira, diante do aumento dos preços dos hotéis em Belém, que chegam a mais de 1.000 dólares (5.424 reais) por noite.

O governo brasileiro descartou essa opção e participará na quinta-feira de uma reunião com a ONU para buscar soluções.

"Sem uma solução imediata para a crise, a COP no Brasil arrisca ser a mais excludente da história, com redução no número de delegações nacionais, de membros de órgãos constituintes e outros observadores e da imprensa", alertou o Observatório do Clima em um comunicado.

As organizações apontaram para uma "negligência do governo federal e do governo do Pará, que tiveram dois anos e meio para equacionar a questão das acomodações na cidade e não o fizeram".

Na semana passada, o presidente da Áustria, Alexander Van der Bellen, desistiu de participar da COP30 sobretudo devido aos preços das hospedagens.

"Uma redução no número de delegados impactaria a própria legitimidade do que for negociado em Belém", alertaram os ambientalistas.

Em um esforço para responder à preocupação sobre os preços das hospedagens, o governo federal lançou em meados de julho, com vários meses de atraso, uma plataforma virtual com hospedagens a preços de até 220 dólares (1.193 reais) por noite para os países com maiores dificuldades financeiras para participar do evento.

"Temos que conseguir quartos e estamos fazendo tudo o que podemos para isso. Caso contrário, a COP teria realmente um problema de legitimidade", reconheceu o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, em entrevista à AFP.

Diante das dificuldades para encontrar hospedagem, algumas organizações estão pensando em delegações menores e em dormir em igrejas ou mesquitas, disse também à AFP uma fonte que assessora várias ONGs ambientalistas.