Reino Unido

Boris Johnson é anunciado como o novo primeiro-ministro britânico

Ele derrotou o ministro das Relações Exteriores, Jeremy Hunt, segundo resultados anunciados pelo Partido Conservador

Por AFP e Agência Estado
Publicado em 23 de julho de 2019 | 08:25
 
 
 
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Ex-prefeito de Londres e um dos artífices do Brexit, Boris Johnson será o próximo primeiro-ministro britânico depois de derrotar o ministro das Relações Exteriores, Jeremy Hunt, segundo resultados anunciados pelo Partido Conservador na manhã desta terça-feira (23).

O ex-chefe da diplomacia britânica obteve 92.153 votos dos 159.000 votos dos membros do partido, contra 46.656 votos de Hunt.

Desta forma, torna-se o líder dos conservadores e receberá as chaves de Downing Street na tarde de quarta-feira após uma visita à rainha Elizabeth II.

Crise

A escolha de Boris Johnson, que era para dar estabilidade política ao Reino Unido, tende a agravar a crise causada pela decisão do país de sair da União Europeia.

Johnson já lida com dificuldades internas e desacordos sobre sua estratégia sobre o Brexit. Personagem excêntrico, o ex-chanceler provoca animosidade entre os opositores do Brexit, muitos dos quais consideram que seu apoio à saída da UE, em 2016, serviu apenas como instrumento de suas ambições pessoais. 

O Brexit estava programado inicialmente para 29 de março, mas foi adiado para 31 de outubro. O primeiro grande problema do novo premiê é ser capaz de manter a maioria no Parlamento de 650 membros. May governou graças ao apoio dos dez deputados do Partido Unionista Democrático (DUP, na sigla em inglês), que defendem a união da Irlanda do Norte com o Reino Unido. 

A saída da UE criou um problema aparentemente sem solução. Ao deixar o mercado comum europeu, Londres precisa restabelecer a fronteira física entre a Irlanda (parte da UE) e a Irlanda do Norte. Na prática, significa instalar postos de aduana para fiscalizar a passagem de mercadorias - o que prejudica a livre circulação e afeta a economia em ambos os lados.

Restabelecer postos de controle também pode ressuscitar um conflito histórico. O Tratado da Sexta-Feira Santa, que pacificou a região, em 1998, determina expressamente que não pode haver fronteira física na ilha. Por isso, May inventou um mecanismo chamado "backstop", pelo qual a Irlanda do Norte permanece no mercado comum até que se encontre uma solução para o controle aduaneiro.

O problema é que o DUP não aceita que a Irlanda do Norte viva sob um regime comercial diferente do Reino Unido – o partido considera o "backstop" uma unificação de fato da Irlanda. Johnson – e seu rival, o atual chanceler Jeremy Hunt – já descartaram o mecanismo. A UE respondeu, afirmando que não renegociará o tratado de saída. Assim, o Reino Unido se aproxima perigosamente de um Brexit sem acordo, o que afetaria ainda mais a já combalida economia britânica.

No fim de semana, Johnson disse que a solução para o problema será uma tecnologia que ainda não existe. "Se eles (americanos) conseguiram retornar da Lua à atmosfera da Terra, em 1969, com um código informático artesanal, poderemos resolver o problema de um comércio sem atrito na fronteira da Irlanda do Norte", escreveu ele em sua coluna no jornal Telegraph. 

A solução não convenceu muitos membros do partido, que ensaiam uma debandada. Na segunda-feira (22), o secretário para a Europa, Alan Duncan, renunciou diante da iminente vitória do ex-chanceler. "Johnson é a última pessoa que poderia obter progressos na negociação com a UE", disse. Philip Hammond, secretário do Tesouro, e David Gauke, secretário de Justiça, também anunciaram que farão o mesmo nesta terça, assim que Johnson for confirmado como premiê. (Com agências internacionais).

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