O ex-primeiro-ministro paquistanês Imran Khan se recuperava nesta sexta-feira (4) em um hospital após a tentativa de assassinato que sofreu na véspera, que quando foi baleado na perna esquerda. O ataque contra seu comboio, aparentemente executado por apenas um atirador, matou um homem e deixou pelo menos 10 feridos, aprofundando a crise política do país desde a queda do governo de Khan em abril.

Khan "está em condição estável e bem" no hospital Shaukat Khanum da cidade de Lahore (leste do país), informou o médico Faisal Sultan à AFP. O ex-astro internacional do críquete, de 70 anos, liderava uma passeata de Lahore até a capital Islamabad.

Durante a mobilização, um atirador abriu fogo contra o comboio que passava lentamente por Wazirabad, a 170 km de Islamabad. "Todos que estavam na primeira fila foram atingidos", disse à AFP o ex-ministro da Informação Fawad Chaudhry, que estava ao lado de Khan.

"Foi uma tentativa de matá-lo, uma tentativa de assassinato", afirmou o assessor de Khan, Raoof Hasan. Vários líderes do partido Pakistan Tehreek-e-Insaf (PTI) de Khan culparam o governo pela tentativa de assassinato, mas o Executivo paquistanês nega qualquer envolvimento.

Chaudhry afirmou que os dirigentes do partido se reunirão nas próximas horas para discutir o futuro da marcha iniciada por Khan, mas defendeu a continuidade da manifestação. A área do tiroteio estava isolada e era controlada por policiais, enquanto peritos forenses analisavam a cena.

A ministro da Informação, Marriyum Aurangzeb, disse que o atirador está sob custódia e divulgou uma aparente confissão gravada. "Fiz isso porque (Khan) estava enganando as pessoas", afirma o homem com as mãos amarradas no que parece ser uma delegacia.

O Paquistão enfrenta há várias décadas movimentos islamitas violentos que questionam a influência do poder central. Os assassinatos de políticos marcaram a história do país. Em 2007, Benazir Bhutto, a primeira mulher da era moderna a governar um país muçulmano, foi assassinada em um ataque cujos mentores nunca foram identificados. 

Khan perdeu o cargo de primeiro-ministro em abril, após uma moção de censura na qual sofreu deserções de membros de seu partido, mas conserva um grande apoio entre a população.

Desde então, ele insiste que sua queda foi uma "conspiração" planejada pelos Estados Unidos e critica de maneira veemente o governo de seu sucessor, Shehbaz Sharif. Imran Khan chegou ao poder em 2018, após a vitória nas eleições legislativas do PTI, partido populista que mistura promessas de reformas sociais, conservadorismo religioso e luta contra a corrupção. (AFP)