Ataques terroristas

França busca cúmplices de jihadistas 2 semanas depois de atentados

O Ministério Público de Paris pediu nesta terça-feira a acusação e a prisão preventiva dos quatro suspeitos, que podem ter fornecido armas e explosivos aos autores dos atentados

Por AFP
Publicado em 20 de janeiro de 2015 | 17:02
 
 
 
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Quase duas semanas depois dos atentados jihadistas na França, a investigação se concentrava nesta terça-feira na possível cumplicidade de quatro homens que compareceram perante a justiça, no mesmo dia em que o primeiro-ministro denunciou um apartheid social e étnico no país.

"A relegação nos arredores das cidades, nos guetos, dos quais já falei em 2005, o apartheid territorial, social, étnico que foi imposto em nosso país" figuram entre os males que corroem a França, disse o primeiro-ministro Manuel Valls em seu discurso anual ante a imprensa.

O Ministério Público de Paris pediu nesta terça-feira a acusação e a prisão preventiva dos quatro suspeitos, que podem ter fornecido armas e explosivos aos autores dos atentados cometidos de 7 a 9 de janeiro em Paris.

A Europa segue em estado de alerta pelo risco de atentados e ocorreram novas operações na Alemanha em círculos jihadistas, embora sem detenções. Em uma cúpula europeia realizada na segunda-feira, a União Europeia pediu à Turquia sua cooperação na luta contra o jihadismo.

Na Bélgica as autoridades seguem buscando, principalmente na Espanha e na França, dois homens que fugiram após a operação da polícia na semana passada em Verviers, no leste do país, para desmantelar uma célula jihadista.

Outro suspeito, um argelino de 33 anos detido no sábado na Grécia e que estaria relacionado à célula, aceitou ser extraditado à Bélgica.

Na França, onde na quarta-feira o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, apresentará várias medidas antiterroristas, quatro homens de 22 a 28 anos compareceram ante um tribunal para esclarecer sua possível cumplicidade nos atentados.

Os quatro formam parte das 12 pessoas detidas na madrugada de sexta-feira que podem ter dado apoio logístico (principalmente armas e veículos) a Amedy Coulibaly, responsável pela morte de uma policial no dia 8 de janeiro e pela tomada de reféns um dia depois em um mercado judeu que deixou quatro mortos.

Um dos reféns, Lassana Bathily, de 24 anos, um muçulmano malinense que salvou várias pessoas ao escondê-las na câmara frigorífica do supermercado, receberá nesta terça-feira a nacionalidade francesa.

Outro suspeito detido na Bulgária, Fritz-Joly Joachin — um francês que conhecia Cherif e Said Kouachi, os dois irmãos que realizaram o ataque contra a Charlie Hebdo -será extraditado à França após uma decisão da justiça búlgara nesta terça-feira.

Por sua vez, a polícia judicial francesa indicou que os cinco russos de origem chechena detidos na segunda-feira em Beziers são delinquentes de direito comum e que não "há projeto de atentado conhecido".

QUESTÕES EM SUSPENSO

Ainda não se sabe quem forneceu as armas a Coulibaly, que tinha duas pistolas Tokarev, duas Kalashnikov e explosivos, além do pequeno arsenal encontrado em um apartamento de Gentilly, perto de Paris, onde teria estado.

Também não se sabe como chegou ao supermercado e quem publicou na internet um vídeo póstumo de reivindicação. Segundo uma fonte policial, as autoridades estão seguindo várias pessoas a partir de amostras de DNA e de escutas telefônicas no entorno dos três jihadistas.

O ministro do Interior anunciou na quarta-feira medidas para reforçar os meios de proteção da polícia e dos gendarmes, mas também para os serviços de inteligência, acusados de erros na vigilância dos jihadistas.

Já o governo e o presidente francês, François Hollande, voltaram a defender a tolerância e a liberdade de expressão ante as manifestações em vários países contra as charges de Maomé da revista satírica Charlie Hebdo, alvo do atentado de 7 de janeiro em Paris que deixou 12 mortos.

"A França não dá lições a nenhum país, mas a França não aceita nenhuma intolerância", declarou Hollande na segunda-feira.

Nesta terça-feira ocorreram novas manifestações na Indonésia, onde uma centena de pessoas protestaram novamente pela capa do último número da Charlie Hebdo, o primeiro publicado após os atentados, que retrata um Maomé com lágrimas nos olhos e com um cartaz com a frase "Je suis Charlie".

No Irã várias centenas de estudantes também protestaram. Na segunda-feira centenas de milhares de pessoas (800.000, segundo as autoridades) haviam saído às ruas de Grozny, a capital da república russa da Chechênia, de maioria muçulmana, e também ocorreram manifestações em Jalalabad, no leste do Afeganistão.

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