As notícias de que Meghan Markle e o príncipe Harry, duquesa e duque de Sussex, abdicarão parcialmente dos deveres reais e se tornarão "independentes financeiramente" levantaram várias dúvidas: o que isso significa para o futuro dos Windsors, a família real britânica? Onde exatamente o casal vai morar e como eles terão acesso ao seu estilo de vida? O que acontecerá com sua batalha contra os tabloides britânicos, que eles acusaram de cobertura racista e maliciosa?
É uma bagunça real. Mas os Windsors não estão sozinhos. Em todo o mundo, existem dezenas de famílias reais, algumas com capacidade oficial de decisão e outras mantendo papéis simbólicos. Mas elas estão diminuindo: algumas foram derrubadas em golpes ou revoluções. Outros decidiram, por diferentes razões, deixar o poder. Em algumas vezes, esses exílios, abdicações e afastamento alteraram totalmente os sistemas político social de seus países. Em outras, tudo continuou como estava.
Bélgica
Albert II foi o rei amplamente cerimonial da Bélgica por quase 20 anos até 2013, quando anunciou sua abdicação em rede nacional de TV. O monarca de 79 anos designou seu filho de 53, o príncipe herdeiro Philippe, como seu sucessor.
Na época, Albert II atribuiu a mudança à sua saúde debilitada e velhice. Havia também uma nova reviravolta na acusação de longa data de que ele era pai de uma filha com outra mulher que não a rainha: pouco antes da abdicação, a suposta filha entrou no tribunal para um teste de paternidade. Sete anos depois, o ex-rei ainda está vivo e envolvido na batalha judicial de paternidade.
Noruega
A princesa Martha Louise, da Noruega, de 48 anos, não é mais da realeza quando está fazendo negócios, diz ela. No ano passado, ela anunciou que deixaria de usar seu título oficial em seu trabalho com seu namorado americano, Shaman Durek (também conhecido como Durek Verrett). A turnê de palestras, focada na espiritualidade e na cura, vinha sendo chamada de "A Princesa e o Xamã".
"Tem havido muitas discussões sobre o uso do meu título em um contexto comercial recentemente", escreveu ela, como parte de um anúncio de 2019 em seu Instagram. “O fato de eu ter usado 'princesa' no título da minha turnê, como disse antes, eu sinto muito. Foi um erro e eu entendo o que isso provoca quando o título de princesa é usado dessa maneira.”
Japão
30 de abril de 2019 foi um dia importante no Japão: pela primeira vez, em 200 anos, um imperador abdicou do trono. O imperador japonês Akihito, então com 85 anos de idade, renunciou, abrindo caminho para o 126º imperador da ilha, seu filho, o príncipe herdeiro Naruhito, de 59 anos.
O ex-monarca citou problemas de saúde, incluindo cirurgia cardíaca, como sua razão para deixar o cargo. Mas, para fazer isso, o Japão teve de mudar a legislação para permitir que ele se aposentasse.
"Akihito é uma figura muito amada no Japão", escreveu Simon Denyer, do Washington Post. “Com a mulher a seu lado, ele humanizou o papel do imperador, uma vez visto aqui como um deus vivo, alcançando membros vulneráveis da sociedade e vítimas de desastres naturais e olhando as pessoas comuns quando conversava com eles. … Mas ele também encorajou o Japão a reconhecer seu passado de guerra, e nunca se interessou pelos nacionalistas conservadores que reverenciam a tradição incorporada em seu papel."
Emirados Árabes Unidos
A princesa Haya bint al-Hussein está vinculada à realeza de várias maneiras. Ele tem 45 anos e é filha do falecido rei Hussein, da Jordânia, e meia-irmã do atual rei, Abdullah II. Ela também é a mulher do governante de Dubai, de 70 anos, xeque Mohammed bin Rashid al-Maktoum. Só que ela está tentando escapar dele.
Em 2019, a princesa fugiu de sua posição real nos Emirados Árabes Unidos e foi, primeiro, para a Alemanha e depois para Londres, onde pediu a guarda de seus filhos e disse que temia por sua vida. No ano anterior, uma das filhas do xeque Mohammed também tinha tentado fugir de Dubai, mas acabou sendo pega e devolvida à força; a maneira como ela foi tratada levou a princesa Haya a sair do país.
Lesoto
O pequeno país do Lesoto, localizado no território da África do Sul, é governado por uma monarquia constitucional que sobreviveu a várias tentativas de golpes palacianos, entre outros desafios.
O atual monarca, em grande parte cerimonial, é o rei Letsie III, de 56 anos - e ele já foi removido e devolvido ao trono uma vez. Primeiro, em 1990, Letsie se tornou monarca depois que seu pai, o rei Moshoeshoe II, foi forçado ao exílio pelos militares. Cinco anos depois, durante um período de instabilidade política no Lesoto, Letsie abdicou de seu título depois que seu pai conseguiu voltar e se tornar monarca mais uma vez. Um ano depois, Moshoeshoe morreu em um acidente de carro e o rei Letsie III foi restaurado.
Irã
Não faz muito tempo, o Irã era governado por um monarca de mão pesada, o xá Mohammad Reza Pahlavi, apoiado pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido. Em 1953, a americana CIA e o britânico MI6 chegaram a orquestrar um golpe para expulsar o primeiro-ministro eleito do Irã, Mohammad Mosaddegh, e colocar o xá de volta no lugar (Mosaddegh queria nacionalizar a indústria de petróleo do Irã, o que os investidores britânicos e americanos não concordavam).
Mas então, em 1979, após meses de manifestações em massa, o xá fugiu do Irã e logo depois desembarcou nos Estados Unidos. A abdicação do xá marcou o sucesso da Revolução Islâmica do Irã. Nos meses após sua partida, forças revolucionárias disputaram o poder, estabelecendo o que hoje é a república islâmica do país. Enquanto isso, os membros da família do xá no exílio ainda se manifestavam, defendendo seu retorno legítimo. O xá morreu em 1980 no exílio, de câncer.
Reino Unido
Existem, é claro, muitos outros membros da realeza britânica que, por razões pessoais e políticas, deixaram o trono ao longo dos séculos que a família governou com base na linhagem divina. Edward VIII, tio da rainha Elizabeth, deixou o cargo de rei em 1936, momento em que o pai da rainha se tornou rei, preparando o terreno para os desenvolvimentos futuros.