Combate à pandemia

Mundo vivencia aumento de restrições e obstáculos na vacinação anticovid

Comerciantes protestam, enquanto cidades renovam toque de recolher e ampliam proibições na tentativa de conter a circulação do vírus, já que vacinação está lenta

Por AFP
Publicado em 10 de abril de 2021 | 19:27
 
 
 
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De Bogotá a Mumbai, passando por Paris, milhões de pessoas devem respeitar a partir deste fim de semana novos confinamentos e toques de recolher contra um aumento dos casos de coronavírus, enquanto a falta de doses e o medo dos efeitos colaterais afetam a vacinação.

Neste sábado (10), os 125 milhões de habitantes do Estado indiano de Maharashtra e sua capital Mumbai iniciaram um confinamento de fim de semana. A região é a mais castigada pela covid na Índia, país que registrou 145.000 novos casos do vírus nas últimas 24 horas.

A campanha de vacinação dos 1,3 bilhão de habitantes da Índia também está com problemas. O país administrou apenas 94 milhões de vacinas e as doses estão se esgotando, segundo as autoridades.

Na Colômbia, os 8 milhões de habitantes da capital Bogotá também terão que respeitar um confinamento de fim de semana. A Colômbia registra mais de 2,5 milhões de casos e mais de 64.000 mortes por covid-19.

Na Argentina, onde foram registrados cerca de 2,5 milhões de casos e quase 57 mil mortes por coronavírus, está proibida a circulação noturna desde sexta-feira e por três semanas em zonas de maior risco, como Buenos Aires e sua periferia.

Em Nápoles, no sul da Itália, centenas de comerciantes foram às ruas neste sábado para protestar contra o fechamento do comércio exibindo roupas íntimas femininas, já que os estabelecimentos que vendem esse item "essencial" não são obrigados a fechar as portas durante o confinamento.

"Rezando para Deus"

Na Venezuela, o líder opositor Juan Guaidó acusou o governo do presidente Nicolás Maduro de mentir sobre a falta de vacinas no país.

"Disseram que compraram 10 milhões de vacinas (russas Sputnik V), onde estão as 10 milhões de vacinas?", questionou.

Guaidó reagiu às declarações do ministro das Relações Exteriores, Jorge Arreaza, que disse em uma entrevista à AFP que sem as sanções, as autoridades teriam "comprado há três meses as 30 milhões de vacinas que fazem falta no país".

Neste sábado, o governo Venezuelano anunciou que pagou pouco mais da metade do valor pedido (o equivalente a 64 milhões de dólares) para comprar 11 milhões de doses de vacinas anticovid através do mecanismo Covax, um programa criado pelo Orgaização Mundial de Saúde (OMS) para garantir a distribuição equitativa do imunizante.

A Venezuela, que enfrenta uma nova onda de contágios, está com muitos hospitais lotados de pacientes de coronavírus e que não possem os meios necessários para atendê-los.

Segundo dados oficiais, o país registrou 171 mil casos e 1.720 mortes, mas esses números foram questionados por ONGs.

Em toda América Latina e Caribe, a pandemia já cobrou mais de 823.000 vidas e provocou mais de 26 milhões de casos. 

O Brasil, país mais afetado da região com quase 350.000 mortos, foi novamente na sexta-feira o que registrou mais óbitos por covid-19 em todo o mundo (3.693), segundo uma contagem da AFP com base em dados oficiais.

O presidente Jair Bolsonaro, acusado de ter minimizado a gravidade da pandemia desde o início, se diz vítima de uma campanha judicial, após a criação de uma comissão no Senado para investigar supostas "omissões" do governo na gestão da covid-19.

Enquanto isso, no Peru, o governo organizou uma operação desinfetante nos centros eleitorais para as eleições de domingo, que acontecerão em meio a números recordes de infecções por covid-19 e sem favorito entre 18 candidatos à presidência.

O país, de 33 milhões de habitantes e que teve quatro presidentes desde 2018, vive a semana mais mortal da pandemia, com média móvel de 279 óbitos diários. Também acumula 54.285 mortes e 1,6 milhão de casos

Efeitos colaterais e desequilíbrio "impactante" 

Em todo o mundo, a pandemia matou 2,9 milhões de pessoas e provocou mais de 134 milhões de casos.

Na maior parte dos países, a campanha de vacinação avança com ritmo desigual e marcada pelos obstáculos.

Segundo uma contagem da AFP, mais de 733 milhões de doses foram aplicadas em ao menos 196 países e territórios. Desse total, 49% foi administrado em países de alta renda, onde reside 16% da população mundial.

Paralelamente, na Europa, onde vários países estão castigados por um aumento alarmante dos contágios, se investigam os possíveis efeitos colaterais das vacinas da AstraZeneca e da Johnson&Johnson.

A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) disse que estava investigando se havia relação entre a vacina da Johnson&Johnson, que ainda não está sendo administrada por lá, e a formação coágulos sanguíneos. 

Também explicou que estuda mais profundamente se a vacina da AstraZeneca, também questionada por este problema e suspensa total ou parcialmente em várias regiões e países, poderia gerar problemas vasculares mais amplos.

Na quarta-feira, o regulador europeu afirmou que os coágulos sanguíneos são um efeito colateral grave mas "muito raro" da AstraZeneca, principalmente nos jovens.

Nos Estados Unidos, o regulador sanitário, a FDA, disse que não encontrou vínculo causa-efeito entre a vacina da Johnson&Johnson e a formação de coágulos.

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