Coronavírus

OMS declara emergência internacional, mas tenta proteger economia

Número de mortes por novo vírus ultrapassou 200, e EUA registraram primeiro caso de contágio em seu solo; Brasil abrirá mil leitos de UTI

Por AFP
Publicado em 31 de janeiro de 2020 | 06:00
 
 
 
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou, nesta quinta-feira, estado de emergência global em saúde pública em razão da disseminação do novo coronavírus. A entidade fez o anúncio em sua sede, em Genebra, na Suíça, após uma reunião com especialistas.

Até o momento, foram contabilizados mais de 9.000 casos e 212 mortes na China, principal local de multiplicação do vírus. Em outros 19 países, já foram confirmados 98 casos. Mas esses números crescem diariamente.

No Brasil, o Ministério da Saúde investiga nove suspeitas. Uma desses casos é o de uma jovem internada em Belo Horizonte e que aguarda para hoje o resultado de exame para coronavírus feito na Fiocruz do Rio.

De acordo com a entidade, os casos abrangem pessoas que viajaram para Wuhan, foco do surto, ou que tiveram contato com pessoas com histórico de passagem pela cidade.

Os representantes da OMS, contudo, negaram que o anúncio signifique uma manifestação de desconfiança com a China.

A entidade também afirmou que não há necessidade de medidas para evitar viagens ou comércio internacional com a China.

Além disso, apresentou um conjunto de recomendações, como apoio a países com sistemas de saúde mais precários, combate a rumores e desinformação, desenvolvimento de recursos para identificar, isolar e cuidar dos casos, além do compartilhamento de dados e conhecimento sobre o vírus.

“Países devem trabalhar juntos no espírito de solidariedade e cooperação. Este é o tempo de fatos, não medo”, disse o diretor da organização, Tedros Adhanom.

 

 

Dia mais letal

A China anunciou, na manhã desta quinta-feira, o balanço mais grave de mortes em apenas um dia: foram 38 óbitos. No mundo, aumenta a preocupação com o número cada vez maior de contágios.

Até agora, os mais de 200 óbitos registrados desde dezembro, quando a epidemia teve início, aconteceram na província de Hubei, cuja capital é Wuhan, epicentro do novo patógeno.

O número de pacientes contagiados ultrapassa 9.000 na China continental, muito acima das 5.327 pessoas infectadas em 2002 e 2003 pela Sars. Há quase 20 anos, esse coronavírus deixou 774 mortos no mundo, 349 deles na China. 

Wuhan, uma metrópole de 11 milhões de pessoas na região central da China, está em quarentena e isolada do mundo há uma semana, assim como quase toda província de Hubei. As 56 milhões de pessoas que vivem na área isolada, o que inclui milhares de estrangeiros, não podem sair da região.

Transmissão em solo norte-americano

Autoridades de saúde do Estado de Illinois, nos EUA, confirmaram ontem, em entrevista coletiva, um caso de transmissão em solo norte-americano, o primeiro do tipo no país. O paciente contraiu a doença após a mulher dele ter viajado a Wuhan, na China, epicentro do surto da doença. 

As autoridades norte-americanas, porém, ressaltaram que o novo caso não representa uma mudança nas recomendações e que não é necessário tomar outras medidas pelo risco geral ser “baixo” neste momento.

O casal que tem a doença está em isolamento, segundo as autoridades, e apresenta condição estável.

Cientistas norte-americanos trabalham para desenvolver uma vacina que poderá barrar o coronavírus.

Brasil criará mil leitos de UTI

Após a declaração da OMS, o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Wanderson Oliveira, afirmou que o governo não mudará nenhuma conduta em relação ao monitoramento da doença.

O país só irá elevar o grau de risco de nível 2 para 3 quando for confirmado o primeiro caso de coronavírus, disse. Há nove casos suspeitos em seis Estados. O grau máximo significa “emergência em saúde pública de importância nacional”.

O Ministério da Saúde também anunciou edital para abrir mil leitos de UTI para reforçar alguns dos hospitais de referência contra o vírus. O processo de licitação ainda não foi aberto.

Nos principais aeroportos do país, mensagens alertam sobre sintomas e medidas para evitar a transmissão do coronavírus.

Diferentemente de terminais europeus, não serão usados scanners para detectar passageiros com febre – que seriam pouco efetivos para identificar casos suspeitos, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

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