Há mais mistérios no reino do Vaticano do que pode supor nossa vã filosofia. Intrigas, conspirações, uma rede oculta de poder e, claro, as profecias. O papa Bento XVI surpreendeu o mundo ao renunciar no dia 28 de fevereiro e subverteu até mesmo as profecias do maior mago de todos os tempos, Nostradamus.

Nos bastidores do menor Estado do mundo, a renúncia do sumo pontífice já era ventilada há pelos menos um ano. Em seu livro de entrevistas publicado em 2010, Bento XVI já havia falado sobre a possibilidade de renunciar caso não tivesse condições de continuar no cargo. Georg Ratzinger, irmão do papa, afirmou à France Presse que o pontífice já planejava a renúncia havia alguns meses. O diretor do jornal do Vaticano, o "L’Osservatore Romano", Giovanni Maria Vian, disse que a decisão foi tomada há quase um ano.

Wilson de Mello Franco, 58, natural do interior de São Paulo, escreveu 30 livros sobre Nostradamus e tem quase 10 mil páginas sobre o assunto. Para ele, a renúncia foi realmente surpreendente, "pois embora já houvesse um pequeno ‘buchicho’ levantado recentemente pelo próprio Bento XVI, sempre se espera que um papa resista até o fim de seu papado, como o fez João Paulo II". "Desconheço qualquer intérprete, ou profeta que tenha prognosticado isso. Particularmente, esperava que ele morresse em 2015, e no máximo em 2017", diz.

Embora Nostradamus seja o mais famoso profeta, quando se fala de sucessão papal, sem dúvida, temos que nos reportar à mais famosa profecia pontifícia, a dos papas, de são Malaquias, publicada em 1595 em Veneza. Ele foi um arcebispo irlandês que renunciou ao cargo e se tornou asceta.

"Essa profecia é composta de 112 divisas ou lemas curtos, de duas a quatro palavras em latim, atribuídos aos papas eleitos desde o ano 1143, e que retrata uma característica do papa a ser eleito. Acredita-se que, logo após ou mesmo durante o lema 112, o papado deixará de existir. O fim da igreja Católica está atrelado ao fim dos tempos, segundo centenas de profetas, incluindo Malaquias", explica Wilson.
Ocorre que o próximo papa, ainda a ser conhecido, ocupa a divisa 112, a última da lista, denominada Pedro Romano.

O especialista explica que essa divisa é a única que vem acompanhada de uma frase explicativa: ‘Na derradeira perseguição da Santa Igreja Romana estará sentado (no sólio pontifício) Pedro Romano, que apascentará suas ovelhas em meio a múltiplas tribulações: as quais transcorridas, a cidade das sete colinas destruída, o juiz poderoso julgará o povo. Fim".

Sobre essa profecia, ou sentença, Wilson faz a sua interpretação: "O sucessor de Bento XVI, Pedro Romano, será o último papa em Roma (cumprindo a profecia sobre os papas romanos), mas não será o último papa da igreja, com a prerrogativa de que seu papado continuaria em Jerusalém, pois a sede da igreja em Roma, depois de certo tempo, estaria quase completamente arrasada".