Dentre as 2.753 vítimas declaradas oficialmente mortas pela Prefeitura de Nova York nos ataques às Torres Gêmeas, no 11 de Setembro, quatro brasileiros perderam a vida.
O Itamaraty, órgão diplomático do governo federal, reconhece apenas três: os paulistas Ivan Kyrillos Barbosa, 30, e Anne Marie Sallerin, 29, e a mineira Sandra Fajardo Smith, 37. Todos estavam trabalhando no momento em que os dois aviões atingiram os edifícios. A quarta vítima, o engenheiro capixaba Nilton Fernão Cunha, 41, estaria no 108º andar da torre norte naquele dia, tratando de negócios em uma empresa japonesa.
O órgão diplomático reconhece o desaparecimento de Cunha, no entanto, afirma que apenas as famílias de três brasileiros entraram em contato com o Ministério das Relações Exteriores na época e enviaram amostras de DNA para análise durante as buscas. O Itamaraty informou também que apenas as certidões de óbito dos dois paulistas e da mineira foram emitidas pela embaixada brasileira em Nova York, o que torna oficial a divulgação de três mortes de brasileiros.
Às 8h46, horário do primeiro choque do avião da American Airlines na torre norte do World Trade Center, o paulista Ivan Kyrillos Barbosa estava no 105º andar do edifício, no escritório da corretora Cantor Fitzgerald, onde trabalhava há mais de um ano. A também paulista Anne Marie Sallerin era colega de trabalho de Barbosa e havia se mudado para Nova York em janeiro daquele ano junto com o marido. A mineira Sandra Fajardo era coordenadora do departamento de contabilidade da corretora March & Melennan, no 98º andar da torre norte. Ela morava há 16 anos nos Estados Unidos e tinha sido casada com um norte-americano. Nenhuma das vítimas tinha filhos.
"Essa perda não é superável, apenas tentamos nos adaptar à falta do Ivan e entender o mundo atual", disse à reportagem de O TEMPO o o médico Ivan Fairbanks Barbosa, pai do rapaz morto no dia do ataque. Ele conta que não consegue definir o tipo de sentimento que tomou conta dele no dia do atentado. "São tantas recordações e aflições, que não consigo destacar uma", afirmou.
Um jovem alegre, idealista, sério, mas muito bem-humorado. É assim que o pai descreve o filho que gostava de correr em competições de automobilismo e era viciado em esportes de adrenalina. De acordo com o médico, o mundo piorou por causa da banalização da violência por motivos políticos. No entanto, a morte de Osama bin Laden há três meses, durante uma ofensiva do Exército norte-americano no Afeganistão, trouxe um pequeno alento à sua dor. "Foi uma sensação prazerosa de uma pequena parte da justiça ter acontecido".