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Republicanos ganham terreno no Congresso com 'midterms', mas sem 'onda vermelha'

Foi uma noite decepcionante para Donald Trump, que contava com um resultado espetacular nas urnas para impulsionar sua candidatura à Casa Branca

Por Agências
Publicado em 09 de novembro de 2022 | 19:37
 
 
 
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Os republicanos se aproximam de uma maioria na Câmara dos Representantes do Congresso, mas ficaram sem a tão sonhada "onda vermelha" nas eleições de meio de mandato, nas quais os democratas de Joe Biden superaram as expectativas em um país muito polarizado.

Foi uma noite decepcionante para Donald Trump, que contava com um resultado espetacular nas urnas para impulsionar sua candidatura à Casa Branca em 2024, após prometer que fará "um grande anúncio" em 15 de novembro.

Trump ainda foi testemunha do triunfo contundente de Ron DeSantis, o grande vencedor das "midterms", que garantiu mais uma mandato como governador da Flórida e é apontado como principal adversário do magnata na disputa pela indicação presidencial pelo Partido Republicano.

DeSantis, de 44 anos, um crítico das restrições impostas na pandemia e dos direitos das pessoas transgênero, venceu por quase 20 pontos percentuais. "Estou apenas começando a lutar", alertou o governador reeleito em seu discurso da vitória.

Nestas eleições de meio de mandato, que costumam punir o partido no poder, são renovados toda a Câmara dos Representantes e um terço dos assentos do Senado, além de vários postos de governador e de legislativos locais.

Como previsto, o duelo pelo controle do Senado é implacável. Com três assentos ainda em disputa, a Câmara alta parece indicar que permanecerá sob controle democrata, mas isso poderia depender de um segundo turno na Geórgia em dezembro, já que nenhum dos candidatos superou os 50% dos votos neste estado do sul dos Estados Unidos.

Para castigar Biden, os republicanos precisavam de apenas um assento a mais para tomar o controle do Senado, atualmente dividido.

No entanto, o único assento que mudou de mãos foi para os democratas na Pensilvânia, onde John Fetterman, um defensor das políticas econômicas progressistas, derrotou o midiático médico Mehmet Oz, apoiado por Trump.

O senador Lindsey Graham, da Carolina do Sul, um dos principais aliados de Trump, admitiu sem rodeios que as eleições "não foram uma onda republicana, isso é certo".

Na Câmara dos Representantes, porém, a história é outra. Apesar da aposta em uma onda vermelha nas urnas que não se concretizou, os republicanos aparecem como prováveis vencedores e deverão ter uma maioria na Câmara baixa de 435 membros pela primeira vez desde 2018.

O líder do partido na Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, que chegou a prever 60 assentos de vantagem sobre os democratas, preferiu olhar para o resultado com otimismo. "Está muito claro que vamos retomar a Câmara", disse.

Em uma madrugada eleitoral tensa, mais de 100 republicanos que propagam - sem provas - que as eleições presidenciais de 2020, vencidas por Biden, foram roubadas, conquistaram alguns dos cargos em disputa.

Mas alguns candidatos que Trump apoiou claramente tiveram uma noite amarga "e custaram ao partido a oportunidade de conquistar assentos que deveriam ter conquistado", disse à AFP Jon Rogowski, professor de ciência política da Universidade de Chicago.

"Os eleitores não apenas rejeitaram muitos dos candidatos de Trump, mas também suas políticas", afirmou Rogowski, citando o aborto, por exemplo.

Em referendos realizados em cinco estados, os eleitores apoiaram o direito ao aborto, rejeitando um veredicto da Suprema Corte, dominada pelos conservadores, que deixava para as autoridades locais a decisão sobre a permissão à interrupção da gestação. O caso do Kentucky, muito conservador e majoritariamente republicano, chama a atenção.

"Nunca nos subestimem"

O campo democrata comemorou os resultados. "Nunca nos subestimem, a equipe de Biden é muito subestimada", tuitou o chefe de gabinete da Casa Branca, Ronald Klain.

E isso apesar do fato de que uma Câmara baixa controlada pelos republicanos, ainda que estreitamente, poderia inviabilizar a agenda de Biden, abrindo investigações, frustrando suas ambições sobre a mudança climática e questionando os bilhões de dólares americanos gastos para ajudar a Ucrânia a lutar contra a Rússia.

Mas, dado o retrospecto negativo do partido no poder - seja qual for - nas eleições de meio de mandato, consideradas um referendo sobre a gestão do atual governo, e que os índices de popularidade de Biden atingiram o fundo do poço, os especialistas previam uma derrota. Especialmente com a campanha agressiva dos republicanos, que culpam seus adversários pela alta da inflação e do crime.

E uma derrota acachapante teria levantado dúvidas sobre se o presidente mais velho da história dos EUA, que completa 80 anos este mês, deveria concorrer à reeleição, como ele diz que pretende fazer.

A realidade é outra. Biden se saiu muito melhor do que qualquer um de seus predecessores democratas, Barack Obama ou Bill Clinton, nas "midterms".

Duas cadeiras são suficientes para que Biden mantenha o controle do Senado, as mesmas que os republicanos precisam para inclinar a balança desta Câmara para os conservadores.

As divisões políticas nos Estados Unidos são um fato desde antes das eleições presidenciais de 2020, mas se agravaram desde então em um clima de extrema tensão, com acusações entre os dois campos.

E o dia da eleição não foi diferente. Trump, sob investigação por sua gestão de documentos secretos da Casa Branca e por tentar anular a eleição de 2020, espalhou acusações de fraude.

O magnata afirmou que houve irregularidades no Arizona, devido a problemas com as urnas. Autoridades de Maricopa reconheceram que cerca de 20% dos 223 locais de votação passaram por dificuldades, mas afirmaram que todos os eleitores tiveram a oportunidade de votar.

(AFP)
                
 

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