O show da cantora LGBTQIA+ Bilal Hassani, previsto para a última quarta-feira (4), foi cancelado, após uma polêmica inciada por movimentos católicos e tradicionalistas de Metz, no leste da França. O motivo dos protestos é o fato de a apresentação ter sido marcada para uma antiga igreja que foi transformada em uma sala de espetáculos. 

"Não podemos deixar que um evento que seria um momento de alegria e de festa se torne um lugar de tensão e maldade" disse Live Nation, produtor do show de Bilal Hassani, em um comunicado. Após as ameaças feitas contra a artista e seu público, o produtor decidiu, "com tristeza e pesar", cancelar o espetáculo previsto para Saint-Pierre-aux-Nonnains. 

O coletivo Lorena Católica falou de "profanação", em plena Semana Santa, em uma mensagem em seu blog amplamente divulgada. Chegou, inclusive, a convocar uma oração de reparação antes do show, diante da antiga igreja, dessacralizada há 500 anos e transformada em uma casa de espetáculos. Para o grupo identitário Aurora Lorraine, que havia se associado aos protestos, o cancelamento da apresentação é "uma vitória".

"Há cinco séculos que Saint-Pierre-aux-Nonnains não é mais uma igreja. É uma sala cultural que faz parte da Cidade Musical de Metz", reagiu o prefeito François Grosdidier. 

O político ainda lamentou que o produtor de Bilal Hassani "ceda a uma forma de terrorismo intelectual, em detrimento da cultura".  "Pode-se apreciar, ou não, Bilal Hassani. O que é inadmissível é que, em nome de uma ideologia, se cancele um show. É um retrocesso da liberdade de expressão e uma concessão a extremistas homofóbicos", acrescentou.  (AFP)