Se antes a imprensa alemã colocava panos quentes, o novo episódio de tremor da chanceler Angela Merkel nesta quarta-feira fez com que o tom mudasse radicalmente.
Em entrevista após o incidente, em Berlim, Merkel deu a entender que está tratando do problema. “Estou resolvendo. Esse processo claramente não está finalizado, mas há progresso, e eu terei de viver com isso por um tempo, mas eu estou muito bem e vocês não precisam se preocupar comigo”, disse.
“A chanceler sabe que tem de dizer mais. Mais do que ela está bem e ninguém precisa se preocupar”, afirmou o “Der Tagesspiegel”, principal diário da capital. “Não é o clima desta vez”, afirmou o “Süddeustesche Zeitung”. As especulações vão de mal de Parkinson, esclerose múltipla a fadiga, estresse e ansiedade.
Ontem, a chanceler sofreu mais um baque político. A escolha de Ursula von der Leyen para liderar a Comissão Europeia foi um novo golpe para a já frágil coalizão governamental da chanceler, já que seus sócios socialdemocratas a consideram pouco competente. Claramente derrotados nas europeias, os socialdemocratas sonharam com o holandês Frans Timmermans na presidência da Comissão.
Na terça à noite, em Bruxelas, Merkel pareceu aliviada e satisfeita com a nomeação de sua ministra da Defesa, após intensas negociações. Durante algum tempo, Ursula chegou a ser vista como sua herdeira política. Na “Grande Coalizão”, criada em 2018 entre o Partido de centro direita de Merkel e o SPD, o fato de Von der Leyen chegar à presidência da Comissão ainda não foi bem digerido.