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Um ano desde que Charles III assumiu o trono: veja marcos importantes do reinado

Monarca substitui sua mãe, Elizabeth II, que morreu em 8 de setembro de 2022, aos 96 anos

Por O Tempo
Publicado em 08 de setembro de 2023 | 06:00
 
 
 
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Luto nacional, compromissos oficiais, uma coroação gigantesca, um novo primeiro-ministro e um escândalo na família real: o primeiro ano de reinado de Charles III, de 74 anos, foi marcado por momentos históricos e uma agenda mais tradicional para o chefe de Estado de 15 nações, com um papel essencialmente institucional.

O monarca britânico completou um primeiro ano marcante após suceder Elizabeth II, em um reinado muitas vezes visto como uma transição para o seu filho William. Seu período como príncipe de Gales foi destacado, entretanto, por sua postura forte em questões como o meio ambiente, a agricultura orgânica e a educação.

"A transição foi muito mais suave do que alguns previram, e ficaram surpresos com o fato de Charles parecer ter se adaptado bem", disse a professora da Universidade Royal Holloway, Pauline Maclaran.

Não há previsão de nenhum evento público para comemorar o aniversário da ascensão do soberano, que se encontra atualmente em Balmoral, o castelo escocês onde Elizabeth II, sua mãe, morreu aos 96 anos em 8 de setembro de 2022, após um reinado recorde de sete décadas.

A coroação extravagante de Charles e Camilla, em 6 de maio na Abadia de Westminster, diante de milhares de convidados, refletiu o respeito por uma longa tradição, assim como o desejo de desenvolver uma monarquia que muitos britânicos consideram ultrapassada.

Ele fará "pequenas mudanças, mas irá preparar melhor o espaço para (seu filho e herdeiro) William, que poderá ser o verdadeiro modernizador da monarquia", diz Maclaran.

Mais humano 

Embora seja menos amado que a falecida rainha ou William, de 41 anos, a popularidade de Charles cresceu. Uma pesquisa do Yougov aponta que 55% dos britânicos têm uma opinião positiva sobre ele, em comparação com 44% há um ano.

Sua primeira mensagem de Natal - uma tradição no país - foi acompanhada por 10,6 milhões de telespectadores, um recorde. Ao contrário do estilo reservado de Elizabeth II, Charles III se mostrou acessível e afetuoso em suas várias viagens, quase sempre acompanhado de sua esposa Camilla.

"Inclusive as fotos oficiais que publicaram são mais relaxadas (...) há um pouco mais de humanidade", descreve o historiador da Universidade de Manchester, Jonathan Spangler.

Ele soube se mostrar "humilde e acessível" durante um período econômico difícil para os britânicos, no meio de uma crise ocasionada pelo elevado custo de vida, segundo Maclaran. Para ela, o único erro de comunicação até o momento foi o episódio em que recebeu uma caneta com defeito para assinar um documento e reagiu com impaciência.

“Até agora, o reinado deste humilde e fervoroso soberano não teve um momento decisivo", indica a historiadora Anna Whitelock.

"Questões importantes permanecem suspensas", como uma resposta aos apelos por um pedido de desculpas pela herança colonial da Grã-Bretanha, ou pelas suas isenções fiscais, destaca Whitelock.

O movimento antimonarquia cresceu, no entanto, desde a morte de Elizabeth II e, em muitas ocasiões, Charles foi recebido com vaias e faixas de protesto. O monarca fará no dia 7 de novembro seu primeiro discurso como soberano na abertura da sessão parlamentar.

Escândalo familiar

O início do reinado de Charles foi marcado por um novo episódio da saga do filho mais novo, Harry, e da esposa, Meghan, após a publicação das suas memórias e a divulgação de um documentário do casal, feito nos Estados Unidos, que ataca a família real.

"Charles lidou bem com a situação. Ele manteve o mantra da rainha: 'não explique, não reclame'", Maclaran destaca.

Remoção de título do príncipe Harry 

Três anos após príncipe Harry e Meghan Markle se afastarem de seus deveres reais e se mudarem para Califórnia, Estados Unidos, com os filhos, a família real removeu do site oficial o título do filho caçula do rei Charles 3º. Ele e a mulher continuam como duque e duquesa de Sussex, porém não utilizam mais os títulos de "HRH" (abreviação do termo Sua Alteza Real, em português).

A página do príncipe Harry no site da família real acaba de ser atualizada para remover as referências ao título, que ainda era usado, por exemplo, na biografia que ele lançou recentemente. O título agora foi substituído por "duque" ou "duque de Sussex", embora ele não tenha recebido o ducado de sua avó, a rainha Elizabeth, até seu casamento em maio de 2018 com Megan Markle.

Corte de dinheiro público 

O governo britânico anunciou que os recursos públicos destinados ao rei Charles III serão reduzidos em termos porcentuais pela metade, a partir de 2024. O orçamento fornecido pelo governo ao monarca britânico é chamado de Subsídio Soberano, que tem o objetivo de financiar os deveres oficiais da Casa de Windsor. Em termos porcentuais, o orçamento será calculado em 12% e não em 25% dos lucros do Crown Estate, companhia que administra terras e propriedades que são de patrimônio público de Charles III.

Os bens não compõem o patrimônio privado do monarca nem são propriedade do governo, mas servem de base para o cálculo do Orçamento Real. Com o novo porcentual de contribuição, estima-se que a realeza deixará de receber 24 milhões de libras esterlinas (R$ 148,5 milhões, na cotação atual) em 2024.

Para os anos de 2025 e 2026 a queda no fornecimento será ainda maior. O governo britânico apontou que o corte será de 130 milhões de libras (R$ 804 milhões) em cada ano.

A mudança foi introduzida após um aumento significativo nos lucros do Crown Estate nos últimos meses. Em janeiro, o rei britânico já havia pedido que os lucros do parque eólico fossem destinados para o público e não para a realeza. 

Viagens

Em março, uma visita de Estado à França foi adiada devido aos protestos no país contra as reformas da aposentadoria. Desde então, fez apenas uma viagem oficial internacional, para a Alemanha. A imprensa britânica diz que Charles irá retomar a viagem no final de setembro, antes de uma possível visita à África.

Durante este período, recebeu vários líderes estrangeiros, como o presidente americano Joe Biden, o sul-africano Cyril Ramaphosa e o ucraniano Volodimir Zelensky.

Elizabeth II tinha um interesse especial pela Commonwealth, que reúne as antigas colônias britânicas, mas o seu filho Charles "tem um enfoque mais global", afirma Jonathan Spangler. "É uma mudança interessante", comenta o historiador, que destaca o compromisso com as mudanças climáticas e sua defesa dos refugiados ucranianos. (Com AFP e Folhapress) 

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