Não se pode ignorar as perdas do comércio após mais de 130 dias fechado ou com funcionamento precário. Sem sua renda principal, alguns pequenos lojistas que têm dependido do auxílio emergencial para garantir a subsistência, depois de passarem datas importantes de vendas, como Páscoa, Dia das Mães e Dia dos Namorados, de portas baixadas. Agora, às vésperas do Dia dos Pais, não foram poucos que decidiram ignorar proibições para reduzir perdas, como mostraram reportagens de O TEMPO no fim de semana.
Com as medidas de isolamento, quase um terço dos consumidores fala em não comprar presentes para os pais, segundo levantamento da consultoria de varejo Conversion. Dos que pretendem fazê-lo, praticamente metade vai recorrer ao e-commerce, uma ferramenta que, apesar de ter crescido com a pandemia, ainda não é acessível a todos os comerciantes, principalmente os de menor porte.
Ainda que urgente, a abertura dos estabelecimentos comerciais de forma irregular é um risco. Consumidores acabam se aglomerando em estabelecimentos semifechados, algumas vezes sem os devidos protocolos de prevenção – principalmente nos casos dos camelôs –, e, assim, multiplicando o risco de contágio. Hoje, mais de 95% das cidades mineiras apresentam registros de Covid-19, com mais de 900 novos casos em um só dia e taxas de ocupação de UTIs em até 90%, dependendo do município.
Por isso, é essencial que poder público e comerciantes sigam firmes em negociação para garantir a abertura das lojas seguindo todos os passos para que ela se dê da forma mais segura e sustentável para todos. Somente com o diálogo será possível conciliar as medidas necessárias para conter a pandemia sem sacrificar a capacidade da economia e do país de se manterem de pé.