Em importante decisão, o Tribunal de Contas da União bloqueou R$ 1,1 bilhão das contas dos controladores de uma das construtoras implicadas na operação Lava Jato. A decisão preserva a empresa e, consequentemente, os empregos, e pune os administradores.
O ministro que deu o voto divergente que acabou vingando disse que ouviu as manifestações da imprensa e do mercado. Logo que a Lava Jato explodiu, a própria ex-presidente Dilma Rousseff chegou a defender que as empresas deveriam ser preservadas, por causa da economia e dos empregos.
Ela estava certa, embora os petistas, ainda agora, como na audiência do ministro Sergio Moro no Senado, ainda procurem deslegitimar o combate à corrupção, alegando que ele cortou milhões de empregos, ao destruir um importante setor da economia.
A questão está mal colocada. As condenações não tiveram o fim de desmontar um setor que competia em excelência com empresas internacionais. O mal não foi a Lava Jato, mas a corrupção. Os empreendedores sabiam do risco em que incorriam com suas empresas.
O resto é consequência: as construtoras brasileiras reduziram significativamente sua participação no mercado nacional e internacional. E o país, que tinha presença marcante na América Latina e na África, viu surgirem novos “players”, inclusive no seu mercado.
Sem poupança privada ou pública para investir em infraestrutura, o país tem atraído multinacionais estatais estrangeiras. Em cinco anos, elas empregaram R$ 120 bilhões em concessões, aquisições, parcerias público-privadas, fusões e compra de outorgas no Brasil.
O movimento deverá se intensificar com as privatizações. O avanço é precedido por estatais chinesas. O Congresso estuda reforçar as agências reguladoras para abrir o setor de infraestrutura, de que constituímos o maior mercado da América Latina.
Esse é mais um efeito da corrupção.