Neste ano haverá eleição presidencial nos EUA e teremos, novamente, Joe Biden e Donald Trump se enfrentando na qualidade de principais candidatos. A novidade é a inversão da situação de cada um: se em 2020 Biden era candidato da oposição, neste ano ele está tentando se reeleger, enquanto Trump, que tentou se reeleger em 2020, está agora como candidato da oposição.
Para uma análise mais objetiva do cenário eleitoral há indicadores na política e na economia que, se estudados em uma escala com vários mandatos presidenciais, podem indicar favoritismo para algum candidato.
Pesquisa eleitoral nacional
Um indicador muito conhecido é a pesquisa eleitoral nacional. Nos EUA há um número elevado de empresas e institutos de pesquisas que publicam pesquisas eleitorais nacionais, mas que, infelizmente, revelam diferenças significativas nos resultados apurados em pesquisas feitas no mesmo período. Além desse problema, há o fato que as pesquisas nacionais podem mostrar um candidato mais popular, mas sem que isso garanta sua vitória no colégio eleitoral.
A média apurada dos resultados das pesquisas nacionais e feitas pelo site Real Clear Polítics (RCP) indica, neste mês de maio, uma diferença em favor de Trump de 2,7 pontos percentuais, ou seja, uma situação de empate técnico na disputa entre Biden e Trump, mas que, se comparados a 2020, revelam uma grande perda de apoio popular para Biden, pois naquele ano, em maio, ele tinha uma vantagem de 6 pontos percentuais sobre Trump.
Avaliação do presidente
Outro indicador relevante é o índice de avaliação do presidente. Quando um presidente dos EUA busca a reeleição, o indicador de avaliação é crucial para medir suas possibilidades. Desde 1992, os presidentes que conseguiram se reeleger (Bill Clinton, George W. Bush e Barack Obama) tiveram, no mês de outubro, a média de 51% de aprovação e a média de 43% de desaprovação (diferença positiva de 8 pontos percentuais). Já os presidentes que não conseguiram se reeleger no mesmo período (George H. Bush e Donald Trump) tiveram, na média, 43% de aprovação e 52% de desaprovação (diferença negativa de 9 pontos percentuais).
Na média das pesquisas de avaliação apurados pelo site RCP, em maio de 2024, o índice de aprovação de Biden está em 39,5%. Já o índice de desaprovação dele está em 56,6%, mostrando uma diferença entre aprovação e desaprovação de -17,1%.
Comparando com maio de 2020, Trump teve a média de 44,6% de aprovação e 53% de desaprovação, com a diferença de -8,4% (lembrando que nessa época os EUA já estavam enfrentando os efeitos da pandemia da Covid). Situação de Biden, nesse indicador, não é favorável.
Índice de satisfação do consumidor
Há, também, o Índice de satisfação do consumidor, medido pela Universidade de Michigan, que informa o grau de otimismo com o futuro da economia (quanto maior o número, maior o otimismo). Historicamente, quando a pontuação alcança 90 é indicado um grau alto de satisfação.
Estudos revelam uma correlação positiva entre um índice alto de satisfação com a reeleição do presidente se efetivando. Desde 1956, os presidentes que conseguiram se reeleger tiveram, no mês mais próximo da eleição, a média de 93 pontos no índice de Michigan. Os que não conseguiram se reeleger tiveram a média de 79,3 pontos.
Em abril de 2024, o índice do consumidor registrou 77,2 pontos e a previsão para maio é 67,4 pontos. Em contraste, em abril de 2020 o índice foi 71,8 e, em maio, 72,3. Um mau resultado para Biden.
Joe Biden
A conclusão, levando em consideração todos os indicadores aqui listados, é que a situação de Biden não está favorável, no momento, para a sua reeleição.
(*) Adriano Cerqueira é professor de Relações Internacionais do IBMEC